“O MENINO QUE PERCORRIA INFERNOS”

Suponha que escritores tivessem sido escolhidos pela morte aos 21 anos de idade. Mas não se pode generalizar a coisa. É de Álvares de Azevedo que estamos falando.

A história do poeta romântico é polêmica desde o nascimento. Correu o boato de que ele teria nascido nas instalações da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Porém, a carta da irmã de Álvares de Azevedo tira qualquer dúvida. Na carta se confirma que o escritor nasceu na casa do avô materno.

O pai, Ignácio Manuel, tinha 21 anos quando se casou com Maria Luísa. Maneco nasceu no dia 12 de setembro de 1831.

UM SER FRÁGIL

Logo que Ignácio Manuel diplomou-se, partiu para o Rio de Janeiro com a mulher e os filhos. Ela, grávida de um bebê que não durou muito.

O bebê morreu, e o Maneco defrontou precocemente com a concretude física da morte.

Abalado, caiu doente. Durante 15 dias ficou entre a vida e a morte. Recuperou-se. A família contratava-lhe professores particulares, e assim foi até os 9 anos quando foi matriculado no Colégio Stoll.

Maneco era um estudante brilhante.

Ele foi o menino de sofrimentos feitos de ausências na calada de suas entranhas, no arder de sua imaginação. Essas condições levam ao tédio, ao desejo de morte.

VOLTA À TERRA NATAL

O poeta foi sozinho para São Paulo cursar Direito. Logo no primeiro ano da faculdade, foi visitar a família. Confessou a um primo que todo ano morria um aluno do quinto ano da faculdade, e ele sentia que seria o próximo. Dias depois, ele sofreu um acidente e desenvolveu um tumor. Maneco sobreviveu 45 dias e morreu.

Foi enterrado num cemitério junto à praia, que o mar entrava em ressaca. O local era invalido e o terreno acabava agitado pelas águas. E uma das temidas ressacas havia devastado o cemitério. Os Azevedos foram diretamente para o cemitério levando um cão. O animal meteu-se pelo mato e começou a uivar alto. Encontraram o caixão deslocado pela tempestade. A mãe quis que um cemitério novo fosse construído. A inauguração se deu em 1853, e no ano seguinte houve o traslado do corpo para o cemitério São João Batista, onde esta até hoje. O pai mandou trazer da Itália a sepultura em mármore de Carrara que ali está.

Saulo Sozza
Enviado por Saulo Sozza em 20/03/2010
Código do texto: T2149863
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