MARIQUINHA - 24a. PARTE

24ª. PARTE

O PREÇO DA FAMA

Desse dia em diante eu ficara mais respeitado no arraial. Os que por mim cruzavam pelos caminhos, faziam questão de me cumprimentar, apertando a mão. As crianças me olhavam com desusada admiração. Os adultos ao visitarem meus pais diziam maravilhas a meu respeito. A minha fama de herói alastrou-se a ponto de me incomodar. Eu não fizera nada de mais, havia apenas cumprido o meu dever de homem.

Eu achava simples o que fizera. Achava também que já extrapolava para a gozação, então resolvi me isolar um pouco, passei a trabalhar só na roça de casa. Ficava o dia inteiro no cultivo das plantas ou na fabricação de carvão, mas à tarde, tomava meu banho, jantava e pegava o rumo da Fazenda de seu João, aliviar as mágoas nos braços de Mariquinha.

O tempo passava. A roda da sorte ia girando, girando! A paixão mexe com a gente. Nem eu nem Mariquinha nos contentávamos mais com aquela vida. Nosso destino havia de ser um lar onde pudéssemos criar nossos filhos e nos amar todas as horas do dia. Resolvemos casar e, o mais rápido possível. Mas, casar como? Se o meu trabalho na roça era mal remunerado, não dava pra nada! Uma idéia passou-me a fustigar o cérebro: Ir trabalhar na cidade grande onde pudesse ganhar bastante dinheiro. Passei várias noites matutando nessa idéia, única maneira que me parecia solucionar o nosso problema.