MARIQUINHA 15a. PARTE
15ª. PARTE
PREMONIÇÃO
Mariquinha sempre me cobrava a antiga promessa que eu lhe fizera no primeiro dia de nosso namoro: só usar a espingarda para defendê-la, nunca mais usá-la em caçadas. A lebre do mato ficaria como a minha última caçada na vida. Eu teria de zelar pelos animais e não assassiná-los, como ela dizia que eram as caçadas. Confesso que tudo que Mariquinha me pedia, sempre estava em meus planos, nós raciocinávamos juntos. Eu amava cada vez mais aquela linda morena mignon, de olhos negros, cabelos lisos, compridos e maravilhosos. Uma coisa estranha acontecia comigo: quando eu chegava à fazenda de seu João, ainda no terreiro, já sabia se Mariquinha estava em casa; às vezes por brincadeira os cunhados me diziam: _Ela não está, foi ao armazém. E eu: então já voltou porque ela está em casa. _ Como você sabe? Existe algum sinal entre vocês? _Não, eu respondia, é que o dia fica mais claro quando ela está. Todos riam e iam chamar a irmã. E com Mariquinha se dava o mesmo; ela sabia quando eu estava chegando à Fazenda, mesmo que eu chegasse fora de hora. Tínhamos total afinidade, adivinhávamos o desejo, um do outro. Ela sabia quando eu ia faltar ao nosso encontro e, nesse dia, desde cedo ela ficava irritada, nada servia, nervosa, pensativa, calada; se ia para a cozinha tudo saía errado, não acertava fazer nada. Era um dia cão na fazenda, conforme expressão de seus irmãos. Mariquinha e eu tínhamos premonição sobre o tempo, as visitas e demais problemas da Fazenda.