MARIQUINHA - 5a. parte
5ª. PARTE O NAMORO
A tarde ia caindo. O dia derramava o seu pranto de luz avermelhada no fenômeno do crepúsculo, pintalgando o cabeço dos montes. A paassarada cantava a se despedir do dia. A procissão já se desfizera. O povo em redor do coreto se deliciava com as marchas tão poeticamente executadas pela “briosa”, a banda musical da cidade vizinha. Os mascates ajeitavam as suas mercadorias em panos coloridos sobre o chão e as apregoavam: “olha o anelzinho com pedra, a aliança de ouro puro, fitas para cabelo, lencinhos para paletó, águas de cheiro, naftalina para acabar com as traças, óleo Dirce para cabelo, pentes, espelhinhos”... E cada um enumerava as suas infindáveis bugigangas.
Mariquinha e eu estávamos sentados num toco de angico a guisa de poltrona. Ela olhava para mim. Seus lindos olhos negros, sobrancelhas cerradas, no mais lindo desalinho, atestando a originalidade da mulher pura. Mulher virgem, sedutora, risonha, explodindo em sorrisos maravilhosos. Mulher linda.
_ Toninho, dizia-me ela, você nunca gostou de alguém?
_Não, Mariquinha, eu sempre pensei em caçadas.
_ Eu sempre ouvi dizerem que você é o melhor caçador do arraial.
¬ Que nada, o pessoal fala muito. Eu não quero falar disso, eu disse.
_Está bem, ela disse.
Olha, Mariquinha, se você quiser nunca mais ponho a mão em uma espingarda para caçar. Ela respondeu: Ah! Eu não sei o que dizer! Se você faz gosto de caçar, continue. Se fosse possível, eu queria até que você trouxesse para mim uma pele de lebre do mato para eu por perto de minha cama e quando levantar e pisar nela, lembrar-me de você.