Mariquinha - PRIMEIRA PAIXÃO

4a. PARTE

Mariquinha olhava para mim com aquele olhar pidão e acompanhando o santo, aproximava-se cada vez mais; eu estava nervoso, tremia dentro de minha roupa nova azul e chapeuzinho Ramenzoni embaixo do braço. Mariquinha se aproxima. Eu não sabia mais andar, olhava para todos os lados como que a dizer: vocês estão vendo? Uma mulher está gostando de mim. As moças cantavam o terço, os hinos de louvor aos santos. Eu não cantava nada . Naquele barulho de vozes, de tropel, naquele alarido de sons, de banda musical que ia à frente, eu já me havia esquecido de tudo; estava num marasmo eterno... no entusiasmo da primeira paixão. Em dado instante senti que ao meu lado alguém sussurrava: _ Tonho será que a procissão vai acabar logo?

Olhei rapidíssimo e vi, quase sem fala, que era a linda Mariquinha e só consegui responder: não... não. Não sei. _ Toninho, você parece nervoso. Puxa vida! Será que eu faço tanto mal assim a você? _ Não, respondi, não é isso. É que eu não esperava. _ Ah! Disse ela, então você nunca percebeu que eu sempre gostei de você? _Não consegui responder. A voz não me saiu da garganta. Era a primeira declaração de amor que eu recebia em toda a minha vida e, em plena procissão.