A brevidade da vida

Cinthia de Oliveira Andrade

Nascido em Córdova (4 a.C. -65 d.C.) Lucius Annaeus Sêneca, o segundo dos três filhos de L. Aneu Sêneca (Sêneca o Velho), é considerado entre outras coisas um grande escritor filosofo, representante do estoicismo imperial.

Vindo de uma família tradicional com relação às atividades intelectuais, Sêneca exerceu desde muito cedo algumas funções públicas, como senador e cônsul, conhecendo a glória e o poder rapidamente.

Para compreender e conhecer melhor a sua vida se faz necessário dividi-la nos seguintes períodos: mocidade, exílio em Córsega, preceptor de Nero, e velhice. Intelectual, de um saber enorme, quando jovem, revela uma diversidade de atitudes sente-se atraído pela poesia, eloqüência, filosofia e ciências, por motivos de saúde viveu com alguns parentes no Egito, onde estudou as condições e usos da região.

Ao voltar para Roma dedicou-se ao foro no senado, onde continuou após as reformas de Augusto o ideal republicano, combatido pelos novos imperadores absolutistas. Em 39 tornou-se benjamim da melhor sociedade de Roma e em meio ao foro e ao mundo, aos poucos se torna muito admirado o que lhe dá gloria, mas desperta sobre si a inveja em especial do imperador Calígula que planejava mata-lo, mas desistiu ao saber que o jovem tísico, muito em breve iria morrer de morte natural.

Odiado por todos os que conheciam o seu mal governo para livrarem-se dele Calígula foi morto e após sua morte, Cláudio César Germânico, tio de Calígula, subiu ao trono em 41; casado com sua segunda mulher Agripina, ambiciosa e esperta, que o induziu a adotar seu filho Nero, do primeiro marido, como seu sucessor.

Arrependido, Cláudio tentou desfazer a adoção, mas já era tarde, morreu provavelmente envenenado, tornando-se imperador o jovem Nero. Este foi o momento vivido por Sêneca na sua mocidade e mesmo tendo sido salvo da louca inveja de Calígula, as relações que tinhas com Cláudio não o salvaram em 41 da acusação de adultério com Julia Livila, irmã de Calígula e Agripina, pois Menssalina, com inveja da beleza de Julia ambicionava leva-la a ruína, e com essa acusação, conseguiu que fosse condenada a morte e Sêneca mandado para o exílio, onde viveu 8 anos que segundo Leoni foi o melhor período da vida de Sêneca, homem ativo e intelectualmente genial.

Porém esse período que passou no exílio fez com que o autor se dedicasse completamente aos estudos científicos e a meditação filosófica o que lhe possibilitou algumas vantagens inestimáveis de sua dor.

É no exílio que se forma a personalidade de Sêneca, pois foi na realidade em que se encontrava que o filosofo descobriu seu equilíbrio espiritual, suas obras revelam a sabedoria do viver espiritualmente mais de que materialmente.

Em 49, tendo morrido tragicamente Menssalina, Sêneca regressa a Roma enviado por Agripina para educar Nero, o herdeiro do império.

Quanto ao governo de Nero, os primeiros sete anos de seu governo ajudado pelo seu conselheiro Sêneca e o prefeito do pretório , Afrânio Burro compara-se o seu governo com o governo de Augusto , sua má índole ate então era corrigida e freada por eles; porém mais tarde sua maldade predominou por conta de sua mãe. Agripna muito ambiciosa desejava imperar e não suportava as influências que eles tinham sobre seu filho.

Após tentar salvar o império e tendo morrido Afrânio Burro, provavelmente envenenado, Sêneca decide pedir autorização a Nero para afastar-se da vida pública. E Nero o concede. Desde então, Sêneca retirou-se para uma vida privada em sua casa, sozinho, pobre, onde se dedicou aos seus estudos preferidos, porém mais tarde foi acusado Tácito de ter guardado riquezas vindas de fonte impura (governo de Nero, o qual costumava dar dinheiro para calar os que poderiam falar algo suspeito), mas segundo Leoni, o filosofo desculpa-se indiretamente em seu tratado “De Benefícius” (II XVIII). Liberto da responsabilidade de aconselhar Nero, Sêneca vive os seus três últimos anos de vida escrevendo e meditando, dessa solidão, surgem suas as mais profundas meditações: a moral que pregava a liberdade do além do túmulo.

Nero com seu ódio insaciável pelo velho preceptor, em 65 com a descoberta de uma conjunção contra o imperador feita por Calpúrnio Pisão aproveitou a ocasião para acusá-lo (injustamente) de ter participado da conjuração.

Sêneca nega, mas é intimado a morrer. Ele não se abala, pede as tábuas do testamento, porém isso lhes é negado e ele diz aos seus amigos que se não pode atestar deixa-lhes o seu reconhecimento em sua imagem de uma vida virtuosa, consola seus amigos e despede-se de sua esposa Pompéia Paulina que pede para morrer com ele, mas o imperador retira do local e impede sua morte.

Sêneca corta a veia de seus braços, mas vendo que as feridas não suficiente, bebe cicuta; toma um banho de água quente, depois um de vapores quentes e , finalmente, fica sem forças e morre .

Muitas de suas obras foram perdidas, dentre elas algumas filosóficas e outras de tratados de historia natural e geografia. Destacando-se quatro obras muito importantes: De Clementia ( escrita em 55 e dirigida a Nero) , De Benéficos ( em 7 volumes para Ebucio Liberal), Naturalis quaestiones( de escasso interesse filosófico em sete volumes) e Epistulae Ad Lucilium, feitas em seus últimos anos de vida dirigidas a lucilio, são 124 divididas em 5 volumes). Esta ultima e sua obra mais perfeita a qual ele da o melhor de si e revela o ecletismo moral.

Sêneca é um filosofo de personalidade que se eleva em comparação aos outros filósofos, ate mesmo de sua época, de sua escola.

O estoicismo, filosofia a qual Sêneca fazia parte é considerada a base da Educação mental, pois se adaptou, modernizou-se com o passar do tempo e tornou-se mais acessível.

Sêneca é um grande sábio que pregava que a Filosofia seja amada antes de ser ensinada, por seu bom senso ele faz parte do seu ecletismo não traiu a sua escola , mas completava sua moral com o melhor que encontrava nas outras escolas, ele simplificava a Filosofia; almejava uma virtude que estivesse na vontade e nas intenções , por isso segundo Enzo “ encontramos muitas vezes o retrato daquele que para Sêneca pode ser prudente, sobretudo na sua ultima obra : Cartas a Lucilio”. Ele mostra o meio pelo qual o homem pode alcançar a perfeição; mostra seu conceito de uma filosofia simples, compreensível.

A Filosofia na concepção de Sêneca é feita de humana compreensão e bom senso; sua filosofia moral, visa a elevação do indivíduo, ele adapta o pensamento que expressa ao desejo que tem de construir um estilo sem percussores, imitadores, com isso coloca-se em destaque na Literatura Latina.

Cinandrade
Enviado por Cinandrade em 24/10/2009
Reeditado em 25/10/2009
Código do texto: T1885333
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.