Eliot e a poética do fragmento

Cinthia de Oliveira Andrade

Nascido nos EUA (1888 – 1965), Thomas Stearns Eliot tem um tríplice talento de poeta, critico e dramaturgo, mas muitas vezes suas vasta e complexa obra é acusada de difícil. Impressionado pelos românticos ingleses, especialmente por Bayron, Wordsworth e o pré-rafaelista Swinbuurne, em sua poesia lança mão de múltiplas fontes e raízes, as quais nos mostram que faz uso da poética do fragmento.

O que podemos constatar ao observar a estrutura de seus poemas, pois se caracterizam pelo uso “da fragmentação, da multiplicidade descontinua de matrizes composicionais, do desenvolvimento assimétrico das partes isoladas...”. De acordo Unger “a técnica da fragmentação retrata o desespero de Eliot ante a impossibilidade da comunicação do enunciado global de seu pensamento...”, essa estética além de expressar o desespero do poeta diante das exigências de criação é também um artifício estrutural, uma paródia.

Residente na tensão antitética entre a parcela - fragmento e a soma – poema, a problemática eliotiana divide de duas vertentes existenciais basilares: o isolamento e a incomunicabilidade do ser. Outras características também fundamentais na problemática desenvolvida por Eliot são suas preocupações com o cotidiano e transcendência divina.

Com a posterior conversão do autor ao cristianismo anglo-católico, observável em “Quarta-Feira de Cinzas”, os problemas de ordem filosófica e religiosa em sua poesia começaram a predominar sobre os demais, tornando-se uma poesia mais metafísica e distaciando-se do imaginismo e das freqüentes alusões à realidade cotidiana.

Um dos traços mais característicos da obra de Eliot é a conjugação, ou seja, os momentos de alta tensão úrica e de passagens prosaicas, que podemos observar nas obras “A Terra Desolada” e nos “Quatro Quartetos”. O poeta deixa claro em suas obras que deve haver transições entre passagens de maior para menor intensidade com finalidade de obter um ritmo de emoção essencial a estrutura musical do conjunto.

Um dos mais altos momentos que atingira sua poesia foi o seu caráter de vangardismo técnico e formal, bem como pela avassaladora influência que exerceu sobre o pensamento poético do século XX dividido em cinco sessões, o poema divide-se em três planos problemáticos basilares: o isolamento e a incomunicabilidade do ser humano, os contrastes entre os predicados universais do pensamento ocidental e o pragmatismo comportamental do homem moderno, deixando ao conteúdo genérico relativo à gênese da obra onde Eliot remonta a memória mítica, histórica, literária e cultural do homem.

O período de 13 anos de intervalo entre a produção de “Quarta-feira de Cinzas” e os “Quartetos” foi o seu maior período de produção e que melhor caracteriza as técnicas de sua poética do fragmento. Eliot com a linguagem especifica do drama constitui paródias humorística muita delas inacabadas, nada mais é do ponto de vista estrutural do que um fragmento, cujas partes isoladas não chegaram a cristalizar-se no todo.

Alguns textos como: couros de “A Rocha” apresentam temático da intriga medieval e cristã, no entanto lhe faltam um tom turbulesco e uma seqüência de episódios históricos e os “Quatro Quartetos” constituem o momento mais alto de sua poesia, bem como a consumação em todos planos estilísticos, formal ideológico, político e filosófico-religioso.

“A terra desolada” caracteriza-se por estruturar-se em um tempo de extrema contenção, a pesar de sua condição de poema longo. Eliot em seus poemas utilizou esquemas de substituição do método narrativo pelo método mítico.

É a partir da aplicação desse método mítico que se deve entender, sobretudo no caso de “A Terra desolada”, não somente uma série de procedimentos estilísticos e conexões estruturais típicas da técnica de fragmentação desenvolvida pelo autor, mas também as citações enxertadas no próprio corpo do poema.

A poesia deve ser entendida, basicamente, como um “fenômeno de cultura”, como um processo capaz de trazer á tona no momento presente o conhecimento e as experiências espirituais acumuladas pelo homem ao longo de tantos outros momentos passados.

Quanto ao significado filosófico-religioso de “Aterra desolada” uns o pretendem como um poema essencialmente cristão, outros como retrato da geração que se formou junto as ruínas da primeira guerra mundial, e outros, ainda, como um discurso sobre a falência e o vazio espiritual do homem moderno; “a terra desolada” termina coma verdade da situação humana como a concede a mente religiosa; o começo da sabedoria se confunde com o medo.

Por outro lado, com quanto explorados de forma diferentes e com distintas intenções perduram no poema os motivos do isolamento e da incomunicação do ser humano, afinal se harmonizam, no nível de uma síntese escatológica, as técnicas e procedimento estilísticos que constituem o signo mesmo da atividade criadora de um pensamento organizado, religioso e autoconsciente à exaustão.

Com relação ao aspecto estilístico, sua obra não apresenta uma diversidade de técnicas e procedimentos, o que tornava seu texto repetitivo e monótono. No entanto, um de seus procedimentos poéticos mais típicos consiste na atualização de toda uma herança literária e cultural de gerações passadas.

Por fim podemos destacar que as obras de Eliot tiveram grandes influências das teorias estilísticas de Ezma Pound e pelo imagismo, como é o caso de “A Terra desolada” e de “Os Homens Ocos”, em que se observam, sobretudo no primeiro, uma luxuriante imageria e freqüentes alusões mítico-simbólicas, além de considerável riqueza metafórica. Outro aspecto importante de sua poesia é seu profundo vínculo com a música e a prosa, foi com rigor quase ortodoxo.

Cinandrade
Enviado por Cinandrade em 24/10/2009
Reeditado em 25/10/2009
Código do texto: T1885327
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