SINOPSE E COTEJO DE CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA-CORDEL-1/2

CARLOS MAGNO E OS DOZE PARES DE FRANÇA

A Batalha de Oliveiros com Ferrabraz

Sinopse: A história começa identificando o Almirante Balão e seu filho Ferrabraz. Enumera suas qualidades, feitos e dominio.Doze eram os cavalheiros, valorosos e de muitas virtudes. Defensores da Igreja combatiam os infiéis. Roldão, Duque de Nemé, Guy de Borgonha, Geraldo de Mondefé, Oliveiros e outros mais formavam os Doze Pares de França na corte de Carlos Magno. Ferrabraz, rei de Alexandria, filho do almirante Balão saiu pela Europa (saiu com destino definido –Mormionda- e sozinho) à procura de um rei para pelejar. Chegado aos campos de Mormionda dispara a provocar, insultando os cavaleiros do Imperador Carlos Magno. Como ninguém respondesse, deitou-se à sombra e na cantilena provocativa prosseguiu. Dizendo estar sozinho (*no verso quinto dispõe que saiu com uma grande tropa), questiona onde estão os pares de França, ofensivamente diz que o imperador se escondeu e descrê das façanhas dos cavalheiros. Reitera que está sozinho nesta campanha contra um exército francês. Carlos Magno soube dos insultos e Ricarte lhe diz que é um grande da Turquia. Foi aquele que invadiu Jerusalém (Roma) e tudo desrespeitou, até bálsamo ungido por Deus roubou (Coroa do Redentor Jesus Cristo e os Santos Cravos). Como não houvesse manifestação entre os pares, (sem dar a conhecer) determinou a Roldão (sobrinho do imperador) que fosse ao encontro do rebelde. Contrariado, se rebela contra a ordem dada, visto que na ultima batalha a glória tinha sido conferida aos velhos cavaleiros. Ferido de sangue (manopla) por Carlos Magno (colérico), Roldão se enche de furor e parte em sua direção, mas se vê impedido por Ricarte (outros cavalheiros). Tamanho atrevimento mereceu ordem de prisão e morte. Enfrentando tal disposição, Roldão puxa da durindana (nome de sua espada) e seus companheiros reconhecem o capitão permanecendo silentes em sua posição (é Urgel de Danoá que acalma Roldão e este se mostra arrependido).

Nessa altura o autor repreende Carlos Magno por não saber lidar com a situação, dada a instrução recebida na infância e por conhecer a perseverança dos velhos e a natural subida dos cavaleiros moços. Quanto a Roldão o censura pela descortesia e impaciência diante de tantas honras recebidas, citando a obediência de Isaac e a Epistola do Apostolo São Paulo que recomenda honrar muito os velhos e os devemos sofrer como a pais; e se o imperador louvou aos velhos, nem por isso desdourou as proezas dos moços.

A decepção de Carlos Magno com seus pares o move a armar-se e responder a demanda de Ferrabraz.

Oliveiros soube do incidente e ainda se recuperando dos ferimentos de lutas passadas, ordena ao seu escudeiro Guarim que o prepare, pois irá ter com o imperador (apesar do apelo de Guarim o nobre cavaleiro decide ...grande fraqueza seria a minha, se o Turco se fosse sem batalha; e não é justo deixar ao Imperador em tanto aperto, e injuria – Alta Clara é a espada de Oliveiros). Na presença deste (Roldão estava presente e ficou tomado de grande sentimento), com reverência pede uma mercê, no que concorda o imperador (ao saber do que se tratava, disse-lhe que tal licença não dava). Apesar do visível mau estado físico e não podendo voltar atrás (pois Galalão o lembra que nenhuma cousa que mandasses se revogasse), autoriza seu fiel servidor (sem que esse o desfeiteie) a duelar com Ferrabraz (que o tinha chamado tantas vezes – o Rei de França adverte Galalão que se Oliveiros morresse tu e todo o teu parentesco o hão de pagar com a vida e dá uma luva de presente ao seu valoroso guerreiro). Seu pai, Regener (o Duque, se põe de joelhos diante do Imperador e este afirma que não pode revogar a mercê concedida, tanto que lhe deu a luva em sinal) prostrado em terra se lança. Ante a aproximação de Oliveiros (falas provocativas e alternadas se processam), Ferrabraz desdenha deste e com escárnio pergunta: Quem és tu tão pequenino que vem me desafiar? E mais, só pode lutar comigo se for de sangue real (uma vez mais a locução cristã se apresenta).

O impasse das apresentações é resolvido e Ferrabraz se apresenta como rei da Alexandria e nomeia suas ações. Também quis saber que homens são Carlos Magno, Roldão e Oliveiros.

- Oliveiros, por sua vez declara sou Guarim de Lorenda (pobre Fidalgo e novamente armado Cavaleiro) e hoje se dará minha primeira contenda. Em seguida desfila os atributos dos companheiros. Oliveiros é da minha grandeza, nem mais, nem menos. Roldão, quanto ao corpo, é algum tanto menos: mas em coração, e valor da sua pessoa, não tem igual em todo o Mundo.

Como não desistisse da porfia e crendo que o outro estivesse ganhando tempo, reflete: deixa-te de trelas, levanta-te se não com pouco hei de ferir-te deitado.

- Não me pareces que és novo guerreiro, és antigo cavalheiro, tanto que estás ferido (chega-te ao meu cavalo, e acharás no arção da cela dois vasos atados, que estão com balsamo, que por força de armas os ganhei em Jerusalém).

Pede então ajuda ao soldado para se armar. Entre leais lutadores um código de conduta se faz cumprir. (faz-se a descrição de toda a resplandecente vestimenta e roga que deixe a batalha que ele lhe oferecia toda a honra dela. Porém Oliveiros lhe disse: Turco, não me tornes a falar mais nisso; porque te hei de levar ou morto, ou vivo a Carlos Magno) Cada qual invoca proteção: Ferrabraz traz a imagem do seu Ídolo Apolo e Oliveiros confia naquele que padeceu na cruz.

Inicia-se a batalha, partem-se as lanças, tomam das espadas (a de Ferrabraz é Plotança, as outras Baptizo e Braba) – É de se notar que todas as espadas dos cavalheiros tinham nome – Durindana-Roldão; Salvagina/Corante-Urgel de Denoá; Flanbergue/Altaclara-Oliveiros e Joyoza que pertencia a Carlos Magno) e desconfiado Ferrabraz pergunta: és Roldão ou Oliveiros. Embora apartados a grande distância do exército, Carlos Magno e seus Cavaleiros assistiam o combate. Vendo o Imperador o perigo, em que estava Oliveiros, entrou no seu Oratório, onde tinha um Crucifixo, e posto de joelhos com muita devoção, lhe disse: -Meu Deus, e meu Senhor, eu te rogo humildemente queiras ajudar a Oliveiros, que por aumentar a tua Santa Fé, está em grande perigo. Confissão admitida, o turco apresenta suas desculpas a Oliveiros pelos insultos lançados. Oferece ao adversário de França o bálsamo que irá curar suas feridas.

Ao que este contrapõe se creres em Deus e te batizar, do contrário é te cansar ...porém só me sirvo dele tomando-o pela espada.

A empreitada continua cheia de vigorosos golpes (o Imperador temendo o pior, invoca Deus em seu oratório pedindo ajuda para Oliveiros na luta contra o inimigo comum), a ponto do infiel, compadecido, ofertar uma vez mais o bálsamo milagroso.

Novamente recusada, o soldado fiel de Cristo, beija a cruz da espada (descreve em oração a via crucis de Cristo e convida Ferrabraz a se converter) pedindo proteção. Confiante, dispara no oponente um golpe matador. Ferido dum lado o turco se salvou, visto que o bálsamo tomou.

Recomposto e penalizado da má situação do honrado contendor, propõe o reino de Alexandria e a mão de sua irmã se se render prisioneiro.

- Uma vez mais reprime a idéia e reafirma sua fé no Criador. Foi quando deu uma cutilada em Ferrabraz e o bálsamo caiu, dele bebendo. O que sobrou no rio despejou (Ferrabraz: Oh homem simples, e sem juízo! Porque deitastes a perder o que com todos os tesouros do mundo se não pode comprar?). Proclama que com Deus nada lhe falta, basta uma lança e uma espada; retomando a investida.

- A um canto Roldão que estava a olhar ... só queria estar agora em teu lugar. Sofre reprimenda de Carlos Magno, por estar em forma e pela desobediência praticada.

Com as armaduras e tudo mais despedaçado, num golpe ligeiro o cavalo de Oliveiros caiu sem vida no chão.

Sabedor da ordem, Ferrabraz oferece seu cavalo, pois vai pelejar a pé. Para não passar por vilão, Oliveiros não aceita a montaria. *O narrador recorda que quando da primeira cutilada sofrida por Oliveiros, o cavalo deste desembestou e Ferrabraz num gentil gesto fê-lo estancar. De outra parte: mesma situação com os personagens trocados.

Desmontados, com muita fúria continuaram a lutar.

Durante a peleja os contendores enaltecem suas qualidades (inclusive dos artefatos) e Oliveiros menciona a espada de Roldão.

A contenda se alongava, o exaspero pontuava; determinado Oliveiros parte para Ferrabraz com um golpe certeiro. Este pula de banda e no contra-ataque desarma o oponente. Como cavalheiro convida Oliveiros a tomar da espada, pois não desejava vencê-lo desta forma.

*Guarim por outro lado tinha corrido avisar Carlos Magno que acudisse Oliveiros, visto desarmado estar. C.Magno se dirige novamente ao oratório e nega a Roldão que ajude a Oliveiros. Quando termina a oração ouve uma suavissima voz... Pouco depois Ferrabraz propõe: ...deixa a tua Lei, e adora os meus Deuses que desta maneira poderás evitar a morte, e casar-te-ei com minha irmã Floripes, que é a mais formosa Dama... se isto fizeres, antes de um ano voltaremos com um grande Exército, e ganharemos todo o Reino de França, e te farei coroar Rei dele; depois entraremos por toda a Alemanha, e tudo o que ganharmos será teu; e das terras que eu possuo ter darei uma grande parte.

Repelindo, apanha um pedaço de escudo investindo contra o turco. Percebe neste momento uma espada (Baptizo) alojada no arção da sela do cavalo de Ferrabraz. Sem demora se apropria desta e em iguais condições declara cada qual zele seu lado que a batalha vai findar.

Então, daquelas duas espadas grossas faíscas desciam raios de fogo subiam como bombas desparadas.

Muito convicto Oliveiros desaba golpe certeiro na cabeça do pagão. Atordoado, não reage e já todo entregue, só alma tinha. O corpo todo uma ferida. Nessa altura considera, se a Deus ele conhecesse livraria-o do perigo e os céus abrigaria esta alma arrependida e convertido estaria pela redenção.

Neste momento Oliveiros clama por Deus a conceder ao infiel a possibilidade do arrependimento e do batismo. É neste ponto que Oliveiros conduzindo Ferrabraz ferido no seu cavalo, avista sair do monte um soldado seguido de outros em sua direção. Tinha sido prevenido a respeito por Ferrabrás. Depõe este ao chão e parte para o embate. O empenho foi tamanho que lhe mataram o cavalo e suas armas despedaçadas; após intensa luta é subjugado, com os olhos tapados foi levado numa azêmola ao Almirante Balão. Em tão mal estado se encontrava que clamou socorro a Deus, Carlos Magno e Roldão. O ruído que os turcos faziam foi sentido pelo Imperador e os cristãos. Temendo pela sorte de Oliveiros em pequena comitiva, pouco armada, parte em sua defesa. Mas, se vê cercado por um contingente muito grande de infiéis que aprisionam quatro dos cavaleiros de França. Roldão que tinha ficado, organiza os cristãos e se dirige a batalha que agora revelava cinco cavalheiros presos. Renhido e sanguinolento enfretamento se deu, a ponto de os corpos dos mortos impedirem que alcançasse os prisioneiros. No dia seguinte, C. Magno recolhe e enterra os cristãos mortos, se aproveita das armas e cavalos deixados no conflito campal, cuja diligencia revelou Ferrabraz encostado junto a uma arvore, deixado que foi por Oliveiros. Levado à presença do Imperador, este mandou que lhe curassem as feridas. Confessa que tudo hei por bem deixar, só por ser Christão, e servir o verdadeiro Deos. Grande alegria causou e com o Rei a Marmionda se dirigiu a

paulo costa
Enviado por paulo costa em 18/10/2009
Código do texto: T1872836
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