Resenha (atrasada) de agosto
 
Conforme ameaça anterior, em cada fim de mês eu viria aqui fazer uma espécie de resenha de fatos, leituras e filmes. Porém, Seu Moço, o Computador, me abandonou sem letrinha alguma lá pelo início do mês mais temido por muita gente. Houve vários fatos, a maioria já esquecidos, e outros mais relevantes que não contarei aqui para não sacrificar os leitores.
 
Leituras:

Um olhar sobre o cotidiano”, do recantista Raimundo Antonio de Souza Lopes. Nosso amigo Raí escreve com olhos e alma, crônicas que deliciam do início ao fim. A amorosidade, o gosto de ensinar, de escrever, de ouvir e gestar o que seus olhos atentos observam da paisagem humana é sempre presente em seus textos. Já havia percebido isto em seus trabalhos no Recanto, em seus comentários atentos e elegantes com respeito ao trabalho alheio. Tudo isto e muito mais vem retratado em tom de humor e reflexão nas páginas bem editadas de seu livro, cuja publicação, conforme ele mesmo e a nossa querida Ângela Rodrigues falaram, se deu graças a um concurso literário de que participou. Ele ganhou o concurso. Nós ganhamos a eternidade de seu olhar.

A sociedade literária e a torta de casca de batata”, de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows, tia e sobrinha. Romance delicioso, contado através de cartas entre a protagonista, que é uma escritora, seu editor, sua amiga de infância e o pessoal da sociedade literária. O próprio nome da sociedade já exige uma série de cartas para esclarecer o significado, após os associados decidirem pela confiabilidade da protagonista Juliet. Depois, o porquê do surgimento da sociedade. As cartas são escritas a partir de 8 de janeiro (que é uma data maravilhosa!) de 1946 até 17 de setembro do mesmo ano. Além da criatividade e da brilhante pesquisa histórica, é um livro tão belo e emocionante que fica difícil emendar qualquer leitura na sequencia. Por isso parei por aqui as leituras do mês.

 
Filmes:

E o vento levou”, de David O. Selznick e Margareth Mitchell. Já havia visto, porém esquecido quase tudo. Lembrava ainda do vestido de cortina da Scarlett e da cena do retorno à Tara, às terras da família, quando faz o juramento de nunca mais passar fome. O que provavelmente é a cena mais marcante do filme. Teve o condão de me fazer entender muita coisa dos meus antepassados que, guardadas as devidas proporções, certamente passaram muita dificuldade. Bom trabalho esse da arte, quando nos comove e transforma nossa compreensão de vida, especialmente da vida familiar, algumas vezes nosso tendão de Aquiles.
 
O auto da compadecida”, de Guel Arraes, baseado na obra de Suassuna. Foi a terceira vez que assisti e novamente me comovi, ri, chorei e fiquei extremamente encantada. Outra vez o tema da fome, entre tantos outros, aparece na obra de arte e faz sentir verdadeira compaixão até quem nunca soube o que é ficar sem o pão de cada dia. Nada mais a dizer a não ser que é grandioso e vale a pena ser “revisitado”.
 
Por fim, “Casablanca”, da coleção “Folha [de São Paulo] Clássicos do Cinema”, que penso desta vez ter entendido. Até então, das duas vezes que assisti me ligava mais na música que na trama.
 
Tentei assistir “Laurence da Arábia”, porém não consegui. No início do filme, minutos intermináveis de música sem imagem, um verdadeiro acalanto. Quando acordei, o herói já estava em pleno deserto e eu não sabia o que ele tinha ido fazer lá na Arábia (a não ser dar nome ao filme). É a segunda tentativa. Não desisti. Assim, encerro a resenha de agosto com os filmes “retrô” e as duas leituras maravilhosas.


meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 19/09/2009
Reeditado em 20/02/2010
Código do texto: T1819798
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.