O ultrarromantismo no Brasil (Literatura Brasileira)
Alguns anos depois da introdução do Romantismo no Brasil, a poesia ganha novos rumos com o aparecimento dos ultrarromânticos. Esses poetas, desinteressados pela vida político-social, voltam-se para si mesmos, com uma atitude profundamente pessimista diante da vida. Vivem entediados, sem perspectivas, sonhando com amores impossíveis e esperando a morte chegar.
Nas décadas de 50 e 60 do século XIX, forma-se nos meios universitários de São Paulo e Rio de Janeiro um grupo de poetas, que vai dar origem à segunda geração da poesia romântica brasileira. Esses poetas, na maioria, eram jovens que levavam uma vida desregrada, dividida entre os estudos acadêmicos, o ócio, os casos amorosos e a leitura de obras literárias europeias. A maioria deles morreu com pouco mais de 20 anos de idade. Copiando o estilo de vida dos escritores românticos europeus Byron e Musset, essa geração caracterizava-se pelo espírito do "mal do século", isto é, por uma onda de pessimismo doentio diante do mundo, que se traduzia no apego a certos valores decadentes, tais como a bebida, o vício, e na atração pela noite e pela morte. No caso de Álvares de Azevedo, o principal poeta do grupo, esses traços são acrescidos de temas macabros e satânicos.
O escritor modernista Mário de Andrade (1893-1945), comenta a respeito dessa geração: Morria-se jovem porque isso era triste, e sobretudo lamentável (...). Secreta ou confessadamente o homem romântico se inclinava a morrer moço. E quantos, mas quantos não terão morrido apenas vítimas desse pressentimento, nem vale a pena imaginar!...
Álvares de Azevedo (1831-1852), segunda geração romântica;
Casimiro de Abreu (1839-1860) segunda geração romântica;
Fagundes Varela (1841-1875) segunda geração romântica;
Junqueira Freire (1832-1855) segunda geração romântica;
Castro Alves (1847-1871) terceira geração romântica.
Os ultrarromânticos desprezavam certos temas e posturas da primeira geração, como o nacionalismo e o indianismo. Quanto ao amor, os ultrarromânticos possuíam uma visão dualista, que envolvia atração e medo, desejo e culpa. Segundo Mário de Andrade, escritor e crítico modernista, os românticos e principalmente os ultrarromânticos, temiam a realização amorosa. O ideal feminino era normalmente associado a figuras incorpóreas ou assexuadas, como anjo, criança, virgem, etc., e as referências ao amor físico se davam apenas de modo indireto, sugestivo ou superficialmente. Casimiro de Abreu, por exemplo, no poema "Amor e medo", evidencia seu medo de amar.
Castro Alves foi citado aqui como mais um dos artistas que foram arrebatados prematuramente pela morte, uma vez que o poeta dos escravos pertenceu à terceira geração romântica, seguindo o modelo de Victor Hugo, juntamente com Souzândrade (1833-1902). Castro Alves é o maior representante da última geração romântica da Literatura brasileira. Em Espumas Flutuantes, única obra publicada em vida, o artista revela uma percepção sobre o mundo e a época em que vive. É como se ele quisesse deixar um inventário com todas as possibilidades de sua poética. O poeta viveu um amor real, de carne e osso. A paixão concreta e ardente pela atriz portuguesa Eugênia Câmara influenciou sua visão poética do amor.
Os principais poetas da primeira geração romântica foram Gonçalves Dias (1823-1864) e Gonçalves de Magalhães (1811-1882), seguindo o modelo Chateaubriand.
Não vou citar os prosadores, para não aprofundar no tema que é extenso. Espero que este resumo possa servir, de alguma forma, aos leitores e amantes das letras.
Referências bibliográficas: - PORTUGUÊS: linguagens - Literatura, Gramática e Redação, 2ª ed. Atual Editora, pág. 60/61 e Clássicos da Literatura - Espumas Flutuantes.