Resenha do Artigo: Nação e nacionalismo em Cuba: o legado de José Martí de Carlos Alberto Barão.
Carlos Alberto Barão possui graduação em História Social, em Licenciatura e em História pela Universidade Federal Fluminense no ano de 1997. Mestrado em História pela Universidade Federal Fluminense em 2000 e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense no ano de 2005. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Moderna e Contemporânea. Atuando principalmente nos seguintes temas: socialismo, Cuba, Revolução cubana, planificação econômica, Che Guevara e socialismo de mercado.
Em seu artigo sobre José Martí - que foi o líder revolucionário da Segunda Guerra de independência de Cuba nos anos de 1895-1898 - Barão discute a importância do legado do mesmo para a construção do nacionalismo cubano na terceira onda revolucionaria que ocorre em 1959. Isso deu-se na terceira onda revolucionaria para que Cuba se tornasse independente do jugo norte-americano representado na figura de Fulgêncio Batista, este consegue chegar ao poder através de golpes militares.
Passando então a governar como um verdadeiro ditador, Batista conta com o reconhecimento diplomático e apoio militar dos EUA. Isso faz, com que o mesmo instaure um regime autoritário, mandando prender os seus opositores e restringindo as liberdades através do controle da imprensa, da universidade e do congresso, usando métodos terroristas e fazendo fortuna para si e para seus aliados. Pode-se dizer que Batista ostentou o poder de fato em Cuba de 1933 a 1940 e foi o presidente oficial do país de 1940 a 1944 e novamente de 1952 a 1959, e que por fim, foi retirado do poder por Fidel Castro e Che Guevara, lideres revolucionários da Revolução Cubana de 1959.
Barão, pontua José Martí como referência na construção desse ideário revolucionário no seculo XX, esclarecendo que o mesmo não era marxista. Isso por que as revoluções do mundo no século XX, ditas socialistas, perpassam pela teoria marxista. Marx defendia e elaborou um sistema politico socialista, que atinge os ideais revolucionários deste século. Barão esclarece que as correntes que contribuíram para politica revolucionária naquele período de 1959 encontravam-se num plano político Marxista-Leninista e Martiano.
Provavelmente, Barão quis resgatar o legado de Jose Martí para contrabalançar com pesquisas que só enfocam o legado Marxista-Leninista para as revoluções. Tanto Marx, quanto Lênin, se contrapõem a ideologia capitalista liberal que estava alcançando todos os países do mundo, e que acentuavam as desigualdades onde foram implementados esse tipo de sistema politico, no caso de Martí, sua luta era contra o sistema colonial espanhol.
Deixando de lado os teóricos do Socialismo, Barão se concentra na figura de José Martí, que era um homem preocupado com bandeiras politicas e sociais de seu país no período colonial. Sendo ele um revolucionário, pois, além de defender a independência, lutava por um tipo de sociedade diferente da colonial, sendo favorável à autonomia administrativa da ilha com a manutenção dos laços coloniais com a Espanha.
Isso fez dele um produtor de ensinamentos revolucionários, que mais tarde, se fundiram ao legado Marxista-Leninista, formando uma terceira corrente que deu as bases para a revolução de 1959. o apelo dos revolucionários de 59 juntamente com o legado de Martí, Marx e Lênin formaram os ideais nacionalistas dessa revolução, e isso é valido, pois resgata uma identidade comum de um povo, que precisa se consolidar enquanto nação, frente ao imperialismo norte-americano.
Na segunda parte de seu artigo, Barão discorre a respeito da vida e da obra de Martí, de suas publicações, produções intelectuais, do ano em que este esteve preso por assuntos políticos e da participação do mesmo na guerra de independência de 1895-1898 contra a Espanha.
Martí foi influenciado pelas ideias de independência de Rafael Maria de Mendive, seu mestre na escola secundária em Havana. Inicia sua participação política escrevendo e distribuindo jornais com conteúdo separatista no início da Guerra dos Dez Anos. Com a prisão e deportação de seu mestre Mendive, cristaliza-se a atitude de rebeldia que Martí nutria contra a dominação espanhola.
Em 1869, com apenas dezesseis anos, publica uma folha impressa separatista, "El Diablo Cojuelo", é o primeiro e único número da revista "La Patria Libre". No mesmo ano passa a distribuir um periódico manuscrito intitulado "El Siboney". Pouco depois é preso e processado pelo governo espanhol por estar de posse de papéis considerados revolucionários. É condenado a seis anos de trabalhos forçados, mas, passa somente seis meses na prisão. Em 1871, com a saúde debilitada, sua família consegue um indulto e obtém a permuta da pena original pela deportação à Espanha. Na Espanha, Martí publica, naquele mesmo ano, seu primeiro trabalho de importância: "El Presidio Político en Cuba", no qual expõe as crueldades e os horrores vividos no período em que esteve na prisão. Nesta obra já se encontrariam presentes o idealismo e o estilo vigoroso que tornariam Martí conhecido nos círculos intelectuais de sua época. Mais tarde, dedica-se ao estudo do Direito, obtendo o Doutorado em Leis, Filosofia e Letras da Universidade de Saragoça em 1874.
Em 19 de maio de 1895, no comando de um pequeno contingente de patriotas cubanos, após um encontro inesperado com tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Ríos, José Martí, foi atingido e falece em seguida. Seu corpo, mutilado pelos soldados espanhóis, é exibido à população e posteriormente sepultado na cidade de Santiago de Cuba, em 27 de maio do mesmo ano.
Conclui-se que, o legado das produções intelectuais de José Martí para a revolução de 1959 são incontornáveis e que precisam ser resgatados dos meios do ensino secundário, e até mesmo acadêmicos, algo que tornaria a revolução cubana de 1959 muito mais interessante.
Referências:
BARÃO, Carlos Alberto. Nação e nacionalismo em Cuba: o legado de José Martí. 8f.