Da Vinci - Cinco séculos de sucesso 

Parte I - http://www.recantodasletras.com.br/resenhas/162473 


Parte II - Final



Em 1483, foi encomendada pela igreja a Leonardo, uma pintura de Virgem Maria ladeada por anjos. No rigoroso contrato assinado entre a igreja e Da Vinci, existiam cláusulas que faziam exigências até nas cores das roupas dos personagens. O prazo de entrega era de oito meses. Porém, Da Vinci nunca cumpria seus prazos de entrega, quando a tela ficou pronta foi rejeitada pela igreja. Tempos depois, uma outra versão da tela foi concluída por ajudantes de Da Vinci e entregue em 1508. Hoje a “Virgem das Rochas” está exposta na Galeria Nacional, em Londres. Já a primeira versão, que está no Louvre (em O Código da Vinci, esconde pistas atrás da tela), teria sido recusada no passado, por causa dos detalhes heréticos: numa desconcertante inversão de papéis, é o pequeno João Batista que abençoa Jesus, enquanto com a mão esquerda, Maria parece ameaçar João. Sob os dedos curvados dela, que parece segurar uma cabeça, o anjo Uriel faz um gesto como se a estivesse decapitando. Claro que isso é tudo interpretações mais ou menos consagradas por obras anteriores ao Código.
“Jamais saberemos o que realmente Da Vinci quis dizer com esse mistério em suas telas. O fato é que na segunda versão da tela, essas cenas foram tiradas, ou suavizadas”, diz a historiadora Sarah B. Benson, da universidade de Princeton, nos Estados Unidos. “Outro motivo pelo qual provavelmente a primeira versão da tela foi rejeitada, é que no cenário atrás dos personagens apareciam plantas utilizadas em rituais pagãos”. A tela é inspirada no animismo, uma linha de pensamento comum na época, segundo o qual a natureza teria vida e alma.
Na época de Da Vinci, a única fronteira que não se deveria atravessar era a religiosa. Com o sagrado era difícil brincar, ainda mais no caso de um artista. Numa época que a IGREJA era (assim mesmo representada com letras maiúsculas, para indicar a instituição com sede em Roma e representada em toda Europa por bispos e católicos) os artistas renascentistas escondiam suas crenças e convicções pessoais em pinturas encomendadas pela igreja, é o que afirma a historiadora Sarah B. Benson.
Da Vinci recheava suas pinturas de símbolos e mensagens cifradas. E outra curiosidade é que ele espalhou uma série de símbolos não-cristãos em seus quadros, que vão dos que aparecem agora no cinema e foram citados por Dan Brown, até pintar a si mesmo como João Batista e o anjo Gabriel em algumas obras. Em “A virgem das Rochas” ele introduziu plantas utilizadas em rituais mágicos.
“Segundo o historiador norte-americano George Gorse, da universidade de Pomona, nos Estados Unidos, o sucesso de Da Vinci está na sua própria obra que é universal, pois fala com cada pessoa de maneira particular. É isso que o torna interessante e após 500 anos ele continue sendo uma figura indecifrável, tão sedutora quanto à imensidão e a beleza de sua obra. Sempre haverá o que ser descoberto sobre um artista tão genial”, diz Gerge. A universalidade da obra de Leonardo – isso que faz cada pessoa ver – ou algum – sentido nas pinturas dele – fez com que ele atravessasse o tempo, tornando-se algo cujo significado fosse adaptado aos diferentes períodos da história e continuasse fascinando a imaginação de tanta gente. Sua obra fala muito mais sobre o tempo de quem a vê – seja no século 19, ou seja, hoje – do que sobre o tempo de quem pintou ou de quem está retratado nela.
Em 1960, por exemplo, sua obra mais famosa, a Mona Lisa, se tornou símbolo da cultura pop. Quando Marcel Duchamp resolveu promover o Dadaísmo – movimento artístico que pregava o absurdo e o desprezo pela arte tradicional – ele pintou bigodes na Mona Lisa. (Não poderia ter escolhido obra mais representativa para mandar o seu recado).
Outra polêmica – e a grande revelação do livro – levantada por Dan Brown em (O Código da Vinci) está numa das mais sublimes pinturas de Leonardo, um quadro que está na parede do refeitório da igreja Santa Maria das Graças, em Milão. Feita sob encomenda do poderoso Ludovico Sforza, mostra a última refeição de Jesus com seus apóstolos. “Esse vinho é o meu sangue derramado por amor a vocês. Esse pão é o meu corpo, comam dele em minha memória” estaria dizendo Jesus, segundo a tradição cristã. O problema é que, segundo o livro, a cena esconde uma serie de sinais que provariam o segredo mais bem guardado dos últimos dois mil anos: Maria Madalena teria sido mulher de Jesus e com ele tido filhos. Segundo o livro, a prova está na figura que aparece à direita de Jesus no quadro, no lugar onde identificamos João. As feições delicadas que Leonardo deu ao apóstolo seriam, para Dam Brown, um forte indício de sua tese. No entanto, segundo Lisa De Bôer, professora de História da arte na Universidade Westmont, nos Estados Unidos, a explicação não convence. “Ele era o discípulo mais jovem e mais próximo de Jesus. Retratá-lo com traços finos e rosto imberbe não foi algo exclusivo de Leonardo, outros artistas renascentistas também o pintaram dessa maneira. Outra pista que Leonardo teria dado, segundo o livro, é que o espaço deixado pelo artista entre João (ou Maria) e Jesus forma a inicial “M”. “Essas idéias já existiam na época de Leonardo, mas não há nenhuma dica, nos milhares de textos que ele deixou, de que ele as conhecesse ou compactuasse com elas”.
“Da Vinci entrou para história como um dos homens mais brilhantes que pisaram esta Terra e também como um dos mais misteriosos”, diz o historiador inglês Kenneth Clark, professor de História da Arte em Oxford e ex-curador do Museu Britânico. “E, por mais que se escreva sobre Leonardo, apesar de muitas interpretações a que sua vida e obra dêem margem, ainda haverá espaço e material suficiente para se formularem muitas outras teorias sobre ele”.

Comentários

Na minha visão, depois de varias pesquisas que fiz sobre Da Vinci, conclui que ele era um obstinado pelo conhecimento. Da Vinci foi engenheiro, arquiteto, matemático, mecânico, cientista, pintor, escultor, escritor, musico, compositor e etc... Não se sabe muito mais acerca da educação e formação do artista, contudo, muitos autores afirmam que o seu conhecimento não provém de fontes tradicionais acadêmicas, mas sim da observação pessoal e da aplicação prática das suas idéias. Na realidade todo seu conhecimento adquirido foi aplicado na arte. Isso confirma uma frase de minha autoria que diz o seguinte: “O sucesso é o resultado de tudo aquilo que se faz com amor, carinho e dedicação”. Da Vinci foi o talento mais versátil da Itália do Renascimento. Esses exemplos do passado, deveriam ser seguidos pelo homem do presente. No passado não tinha os recursos de tecnologia que temos hoje, no entanto, ele desenvolvia tecnicas para criar ferramentas úteis ao seu trabalho. Quanto aos seus mistérios nunca saberemos, podemos imaginar ou trabalhar com a hipótese de que ele tinha conhecimento de muita coisa que a igreja sempre escondeu e numa linguagem desconhecida ele tentasse questionar ou deixar o seu recado. O mal das religiões é a alienação, ou seja, (um estado em que a pessoa se submete cegamente aos valores e instituições dadas, perdendo assim a consciência de seus verdadeiros problemas e soluções). Com certeza Da Vinci não era um alienado religioso. Sobre Dan Brown, foi um oportunista, escreveu uma ficção envolvendo dois mitos – um religioso, (Jesus Cristo) outro da literatura, Da Vinci – o resultado só poderia ser... um best-seller!
Todo escritor ao escrever um tema, tenta atender as expectativas do leitor sobre o conteúdo do mesmo. Espero ter atendido a sua. Não tenho por hábito escrever resenhas. Elas não são conclusivas. Gosto mais da crônica, onde a linguagem é coloquial, bem mais próxima do leitor e o texto quase que se transforma num bate-papo. Porém, as informações são muitas a respeito de Da Vinci, eu ainda resumi o máximo que pude não abrindo mão das questões mais pertinentes. Sou minimalista, tento escrever em cada frase, o máximo de informação possível, para que fique com um conteúdo consistente e interessante de se ler. Espero que tenha gostado do tema e da forma como foi apresentado.

Abraços!

Vincent Benedicto
Enviado por Vincent Benedicto em 27/05/2006
Reeditado em 28/05/2006
Código do texto: T164360