A Unidade da Cultura Européia - T.S. Eliot
T. S. Eliot em sua terceira explanação no texto: A Unidade da Cultura Européia, explica coesamente a sua compreensão de Cultura. Expressiva é a sua explanação, comparando todas as formas distintas que a cultura tende a assumir em uma sociedade com as partes do corpo humano. Um ser humano não é apenas cabeça, tronco e membros. É algo mais, é algo além. Caso contrário seriamos todos uma Merry Shelly dando vida aos Franquesteins de nossas cabeças e egos. Assim como um ser humano é, é a cultura. Não apenas um arremedo de religião, tradições, hábitos e costumes.
Eliot salienta algo que pesa e faz diferença em sua argumentação: a língua. O idioma é algo que consolida a expressividade da cultura, pois faz com que todos pensem e reajam diferente das pessoas que falam outros idiomas. Sem esquecer que a particularidade fonética de cada idioma traz consigo um peso maior ao falante. A localização geográfica também. Idiomas de origem latina tendem a ter falantes mais espontâneos. O posicionamento geográfico, próximo ao mar mediterrâneo e à linha do Equador, o calor que lhes incide parece lhes trazer maior calor humano. Aos que falam Alemão recai-lhes a rispidez do seu idioma sobre seus ânimos. Aos francófonos um tom de soberba e aos anglófonos a frieza e a distância de sua ilha com o continente parece os deixar mais frios e distantes dos demais.
Algo importante é a inter-relação entre essas culturas e línguas. Bom é quando elas se relacionam de forma pacífica, principalmente em um continente tão abarrotado de culturas como é a Europa. Embora ele não tenha se estendido nota-se que ele faz uma pequena crítica ao neocolonialismo e a sua intransigência em tratar as culturas africanas e asiáticas como inferiores às culturas européias sendo eles apenas diferentes.
Embora ele não esteja tratando de religião, é impossível não salientar a influência dos valores cristãos nos códigos legislativos seria tratar com descaso tal fato tão notório. E é como ele salienta: “Se a Ásia se convertesse amanhã ao Cristianismo, nem por isso se tornaria uma parte de Europa”. Isso mostra a sua perspicácia de mostrar o quanto a cultura não é feita ou baseada em apenas um ponto de vista que domina os outros e sim de partes que se interligam e se influenciam entre si convergindo a uma outra cultura única em cada população nativa de um idioma.
Quando redigiu sua argumentação no período entre guerras, afirmou que quando o cristianismo andasse, toda a cultura andaria junto. Hoje já é possível discordar dele quando se vê que a Europa, não ainda em sua totalidade, trata a religião como convencionalismo de massa. Onde nada influi a não nos ser menos esclarecido. Contudo, mais a frente ele afirma algo que devo concordar: “Nenhuma organização política e econômica (...) pode suprir o que essa unidade cultural (a religião) da”. Pois o encontro com D’us, de uma forma ou de outra é inevitável.
O que mais me chamou a atenção foi a sua explanação sobre a universalidade das universidades. Todavia não concordo que todas deveriam ter ideais comuns umas para com as outras. Isto seria algo imposto. Vejo que seria melhor se elas tornassem-se apenas internacionais em relação ao seu território, ou ao território que ocupassem. Elas não deveriam ser obrigadas a se relacionarem, mas sim procurarem se fazerem desejadas por outras instituições.
Tal argumento também incita a um outro olhar, a uma outra ponderação. Se as universidades se tornassem independentes do governo que as mantém poderiam ser, talvez, caracterizadas como cidades-estado. Que país gostaria de possuir várias cidades-estado dentro de suas fronteiras?