Resenha do segundo capítulo do livro "Desvendando os segredos do texto" de Ingedore G. Villaça Koch
KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos do texto. 2ª Ed. – São Paulo: Cortez, 2003.
A autora (Ingedore Koch) inicia o capítulo II do livro “Desvendando os segredos do texto” fazendo uma reflexão sobre diversas concepções do que seja contexto. Isso quer dizer que estas concepções conceituais marcam distinções tanto no tempo, quanto de autor para autor. De fato não há uma definição única, o que requer maior atenção quando o objetivo é analisar esse processo, a saber, o de refletir sobre particularidades que envolvem a produção do texto.
Para isso, Ingedore faz referências a diversos estudiosos do assunto como, por exemplo, Firth (1957), que definindo “contexto social” afirma, por sua vez, que as palavras ou enunciados perdem seus sentidos, consideravelmente, quando são pensados fora do contexto em que foram usados. Isso a primeira vista pode parecer deveras simples e secundário para a compreensão do texto, mas não é. Isso porque:
1 – Envolve a perspectiva dos participantes no momento de efetivação da análise.
2 – Envolve, também, a forma como se processa a análise realizada.
De qualquer forma, segundo a autora, foi preciso percorrer um longo caminho para se chegar a uma ideia de contexto mais abrangente e dominante. Com isso podemos entender que o texto era visto apenas como uma sequência ou combinação de frases que, ao seu turno, poderiam estabelecer coerências através da reiteração dos referentes. Nesse ponto os pragmaticistas alertavam que se deveria considerar a situação comunicativa para que assim fosse possível compreender os sentidos dos elementos textuais.
Dessa forma podemos compreender, assim como Goffman (1981) citado pela autora, que muitos são os mal-entendidos que surgem das interpretações dos interlocutores. A respeito disso podemos pensar também no “contexto sociocognitivo”. Essa ideia de contexto envolve tanto o contato entre as pessoas como também a necessidade de semelhança intelectual para uma melhor compreensão e interação (segundo a autora). Nessa perspectiva todos os outros contextos estão inseridos no sociocognitivo.
Esse é um ponto muito importante. Ingedore coloca que nenhuma análise linguística deve ser feita sem levar em consideração elementos externos, isto é, do contexto. Deve-se fazer uma análise de forma que os elementos sejam agrupados que, por sua vez, devem também ser combinados com outros elementos.
De acordo com esse raciocínio, a análise contextual pode facilmente ser encarada como uma espécie de complemento da análise linguística que se encontra fora de contexto. É esse contexto que pode servir para que se compreenda melhor os sentidos, desfazer ambiguidades, etc.
Com ralação ao “contexto de situação” como se refere Franchi (1997), numa extensa citação feita por Ingedore, podemos entender que quando estamos nos referindo a este contexto, devemos levar em consideração o fato de que ele envolve um conjunto de fatores que promovem uma melhor compreensão do uso significativo da linguagem.
Mas, afinal de contas o que significa contexto? A isso Ingedore responde de uma forma bastante precisa somente na parte final deste capítulo: é ele “um conjunto de suposições” que envolve certa diversidade linguística e social necessária para a interpretação de um enunciado. O fato é que embora essa ideia seja predominante ainda não há consenso sobre o que é contexto e de que forma a interpretação é influenciada por ele.