Sinfonia - Má Vlast ( Minha Pátria) de Bedrich Smetana
Má Vlast – Bedrich Smetana
Executada pela OSTNCS em 31 de março de 2009
Foi uma noite inesquecível. A primeira vez que Má Vlast (Minha Pátria), a obra prima de Bedrich Smetana, o maior compositor Tcheco da história, foi executada em solo brasileiro. Má Vlast é um poema musical que exalta as glórias, o povo e a cultura Tchecos. Smetana se utilizou muito bem do conceito de Poema Musical e criou uma obra esplêndida, na qual o tema molda a forma musical. A música conta uma história e transmite ideias. O repertório era uma homenagem (muito bem realizada, por sinal) à presidência da República Tcheca no Conselho da União Europeia.
Os músicos se posicionaram e, seguindo os comandos do maestro Ira Levin, começaram a tocar. A Introdução era um belíssimo solo de harpa que evocava os profetas do país de origem do compositor. O desenvolvimento seguia com instrumentações variadas, ora mais calmas, ora mais rápidas. Os músicos se revezavam na execução, sempre seguindo a gesticulação apaixonada de Ira Levin.
Como um poema sinfônico de seis movimentos, cada um engrandecendo ou retratando uma parte da alma Tcheca, a execução de Má Vlast leva o expectador a conhecer as grandezas desse país. Os movimentos mais emocionantes são o primeiro (Vysehrad) – que canta as glórias e as derrotas da nação, o segundo (Vltava) – que descreve o rio Moldávia, símbolo da região – e o quinto (Tábor) – uma ode aos guerreiros Hussitas.
A Platéia perdia o fôlego no fim de cada Movimento. Aplaudia-se de pé a performance compenetrada e muito bem preparada dos músicos. Os percursionistas, juntamente com a execução conjunta de cordas e metais, davam ao som uma “agressividade” que excitava o espectador. Esses momentos de maior volume sonoro eram intercalados com períodos de lentidão melódica e volumes mais baixos, o que aguçava a percepção auditiva dos ouvintes, levando-os a apreciarem diversas gradações sonoras.
Essas variações musicais só são possíveis de compreender se houver uma leitura prévia do argumento de Smetana. Ele resume suas ideias e sua arte na forma de sinfonia. Vale lembrar também que, na época da composição de Má Vlast, Smetana estava praticamente surdo, o que só eleva sua genialidade enquanto músico. Seu poema musical se sustenta na união intrínseca entre tema, forma, e percepção. Essa é a utopia buscada por todo poema musical, mas Smetana tornou-a palpável. O espírito Tcheco nunca esteve tão próximo.