solidão
“os versos assemelham-se a um corpo
quando cai
ao tentar de escuridão a escuridão
a sua sorte
nenhum poder ordena
em papel de prata essa dança inquieta”
(josé tolentino mendonça)
a manhã é o meu suplício, na tentativa quase que absurda de resgatar forças para recomeçar. abro os olhos e vejo a inutilidade das horas, o fel da insegurança, o desespero de não conseguir agarrar o tempo. o jorge saiu cedo. resta-me o beijo de despedida, as palavras doces da noite anterior e a nossa cadeirinha da praxe. tudo o resto se resume num vazio doloroso, com a solidão a fazer de mim uma marioneta.