encontro
(na noite do nosso encontro)
cada hora é uma eternidade. eu esforço-me por não pensar. por vezes o pensamento transforma-se num turbilhão de emoções. e eu não quero emocionar-me. pelo menos por enquanto.
entretanto, gostaria de puxar por um cigarro. mas não o posso fazer. instala-se o silêncio e a solidão.
e, contudo, estou acompanhada. e ela não sabes que está ali para me fazer esquecer.
fico sem medo durante uma boa parte da viagem. numa ínfima parte, ele dá sinais. e eu tento afastá-lo (por vezes sou corajosa. acontece por acaso. ou talvez não).
(...) já estive ali algumas vezes. mas hoje é como se nunca lá estivesse. os meus passos estão presos. têm medo de passar por ti e de não te reconhecer. eu não olho para ninguém. ninguém tem a tua voz.
rendo-me a um banco e fico ali colada. não sei se vou conseguir sair da escuridão sem ficar ofuscada. respiro com alguma dificuldade. as minhas pernas tremem.
espero pela hora. a hora és tu. e és tu que surges do nada, que me abraças agora. que me comoves depois.
(...) como tu és tu!. reconhecer-te-ia de olhos vendados. deixaria que o teu abraço perdurasse até hoje. só não sei estar contigo. não sei ainda a temperatura da tua mão nem o sabor do teu beijo. apenas a melodia das tuas palavras.
caminhar ao teu lado é estar, mas é também ser ausente. como se me repartisse entre o ontem e o agora.