sonho
tenho saudades do mar, das pequenas partilhas e cumplicidades. das que perduram e não de abstracções fugazes, que logo se esvaem como areia por entre os dedos.
são tão frias as pessoas. agarram-se a momentos de puro tesão como se a vida, a amizade, o amor fosse uma descarga meramente sexual. onde param os sonhadores? os sensíveis?
custa-me abordar o meu eu porque posso ser interpretada como uma egocêntrica. não o sou. apenas sinto. apenas olho para a natureza, o ser humano, com a dignidade que lhe é legitima.
porque uma flor só é bela enraizada na terra que a alimenta. porque uma pedra apanhada junto ao mar ou no rio pode ser a nossa mais sincera companhia.
falta sonhar. sonhar com o que é belo. uma beleza interior, surrealista, única. não meros fragmentos de um dia, de uma vida.
onde vive os forasteiros, os guerrilheiros que lutam uma vida inteira, tal qual d. quixote com a lança erguida a moinhos de vento?