grito
resumo-me. a voz corta-me as certezas e os sentimentos estão retidos numa rede enorme que não os deixa ser livres. aqui estou. sentada numa cadeira de madeira inconfortável a ouvir vozes ao fundo da sala mas com os ouvidos vedados às palavras. fico quieta. contudo, ocorre-me gritar. para que esse grito seja o extraviar de todas as minhas sensações. mas deixo-me estar. a voz cortada pela hesitação em viver. o silêncio a quebrar o meu tempo que é presente e que recuso que seja passado ou futuro. contenho-me. sem ouvir, ver ou falar. apenas desabafo nestas linhas tão acertadinhas. resumo-me. as mesmas ideias, os mesmos sentimentalismos.