partiste
partiste. e fez-se silêncio em mim. a sensação de que deveria ter-te olhado pelo menos mais uma vez. mas deixei-me estar. por outro lado senti um alívio. por ti. pela tua dor que não tinha fim. também sei que um dia nos iremos reencontrar. porque somos almas e as almas são imortais. aposto que estás a ver-me, talvez ainda confuso pela projecção a que foste submetido. tu vais sobreviver. vais (re)nascer e será melhor porque terás aprendido com os teus erros. não foste um mau pai. foste uma alma com imperfeições. mas essa dor que te corroeu e te levou é um privilégio porque acertaste as contas desta tua vida e preparaste-te para amar mais e melhor na que virá. tenho-te na minha memória. momentos bons e momentos maus. fazes parte de mim, estamos ligados pelo sangue. e espero, do mais fundo de mim, que estejas bem. porque, paizinho, - não me lembro de te chamar assim – a morte é tão natural como a vida. tu podes ser muito maior.