Another Brick In The Wall
Apenas mais um tijolo do/ou no muro. Essa é a tradução da música Another Brick In The Wall (Parte II), da Banda Pink Floyd, que faz uma séria crítica ao sistema educacional rígido. E atire a primeira pedra quem nunca ouviu falar da Abordagem Tradicional como método de ensino, ou que nunca tenha ouvido falar na famosa "palmatória" ou "livro-negro".
Sou professora. E assino e ensino com orgulho. No momento, longe da sala de aula, em busca de um novo horizonte no âmbito profissional, mas jamais perderei esse olhar: Educação faz parte de mim e vice-versa. É minha essência e jamais abdicarei disso. Acalento a saudade de meus alunos e tenho certeza de que passe o tempo que passar, jamais serei esquecida por eles.Tenho consciência de meu papel e da escolha pela profissão. Abraçar o exercício do magistério é mais do que uma causa nobre: é vestir a camiseta e amar o que se faz. É um trabalho árduo, que exige dedicação extrema e absoluta, com propósitos bem definidos e, acima de tudo, com muita fé. É abrir mão dos momentos de lazer e descanso para corrigir provas e elaborar planejamentos. Participar de projetos e olhar para cada aluno como um serzinho único, como gente que sente, sofre e que também possui desejos e aspirações. E procurar sempre estimulá-lo a ser mais, acreditar em sua capacidade e suscitar no discente o espírito de luta e persistência para sua realização pessoal e profissional. Ter noção de que nosso papel é fundamental na formação das pessoas e que não se restringe à significação de mero repassador de conteúdos.
Na verdade, somos mediadores desse conhecimento: a ponte que conduz o educando ao aprendizado. Devemos respeitar suas limitações e exercer mais a empatia. Esse é o educador de fato. Aquele que dedica parte de suas aulas para ouvir o anseio dos jovens e entender que muitas de suas atitudes são reflexos de sua realidade, e não ataque direto ou pessoal. Como se sabe: até mesmo para galgar o mais alto posto hierárquico em qualquer setor da vida pública, é necessário passar por um professor. Nada nem ninguém nos tira essa importância, nem mesmo os baixos salários que não condizem com nossa realidade e volume de trabalho - inclusive fora de expediente. É crer na capacidade de nossos educandos e fazer com que confiem mais em si próprios.
Tive uma professora na 4a série que foi em quem me inspirei para a escolha da profissão. Foi a pessoa mais cruel que já conheci. Prometi a mim mesma que quando crescesse me tornaria alguém diferente dela em meu fazer pedagógico. E tive a oportunidade de dizer isso a ela. Não foi por vingança, mas para reflexão. Nunca se desestimula um aluno ou se ri de uma criança. Nunca se aposta que ele nunca será ninguém na vida. Na verdade, a vida dá voltas, e a minha deu um giro que me permitiu ocupar o cargo que essa pessoa almejava e fez todo empenho político possível para conseguir. Como consegui? Resposta: "Quem tem competência se estabelece". E ao contrário do que se pensa, não ri dela. Não sou cretina. Sou antes uma sonhadora, idealista e guerreira. Devo isso a ela, que me desafiou sem saber o que estava fazendo na época. Às vezes, há males que vêm para o bem. E eu procuro sempre extrair o melhor das pessoas. É claro que muitas vezes existem situações desgastantes e que geram stress. Seria hipócrita se omitisse essa verdade. Como disse antes, cada ser é único e especial, e faz parte da vida convivermos com pessoas com diversas personalidades e gênios diferentes. É preciso jogo de cintura para podermos nos relacionar. Ninguém é perfeito: nem eu, nem você. Se queremos ser aceitos com nossas particularidades, precisamos também nos adequar com as peculiaridades dos outros. Só assim, poderemos conviver pacificamente com nossos semelhantes. Não sejamos apenas mais um tijolo da parede. Sejamos antes pessoas que sejam capazes de impedir que muros sejam levantados; que o mundo não tenha barreiras que nos impeçam de ver a verdade diante de nossos olhos. Penso que o que não queremos que nos façam, não façamos os outros. E seguindo o exemplo máximo de democracia: o direito de um, termina onde começa do outro.
Devemos criar condições para que as pessoas formem opiniões, afinal, ninguém é dono da verdade: nem mesmo eu que escrevi isso, mas agradeço por ter lido até o final. Significa que aprendeu bem a lição de casa!