LUTERO:A ARTE O PENSAMENTO E A HISTÓRIA
Aqui confesso que titubei ao escolher o título desta resenha, referente ao FILME "LUTHERO", lançado na Alemanha em 2003 que conta a vida e a história de Martin Lutero,e o impacto SOCIOLÓGICO E TEOLÓGICO do seu pensamento posteriormente à história da Reforma.
Na verdade tomo o cuidado para não parecer um texto de intenção religiosa, o que deveras não o é.
De fato, pouco ouvi sobre o filme, e um DVD me chegou pelas mãos dum amigo, que o assistiu num curso DE GESTÃO DO CONHECIMENTO proferido numa empresa, cujo professor de administração o colocou numa dinâmica de grupo.
O filme é duma beleza ímpar, E DUMA CORAGEM SINGULAR.
Tudo muito bem colocado, na dose certa, uma aula de história, de teologia, de filosofia, posto que nos mostra como o pensamento lançado no momento certo, no caso com o aperfeiçoamento da imprensa escrita da época (tipografia de Gutenberg) pode divulgar as idéias e gerar impactos sociais que escaparam totalmente do controle dos que detinham os poderes nas mãos.
A direção de arte do filme é impecável. Música , fotografia, enredo, figurino cenário, enfim, uma poesia de obra, dentro dum contexto "pesado" e polêmico.
Luthero é mostrado ao público desde sua tenra idade de menino moço, quando, temente à Deus, resolve ser padre, torna-se um Monge Agostiniano doutor em teologia, e posteriormente aguça e lança o seu pensamento inconformado com os paradoxos religiosos que encontra pelo seu caminho.
Acreditava que o amor de Deus é gratuito simplesmente porque nenhum amor tem preço.
Tampouco a salvação da humanidade.
Questionou as indulgências. O Filme mostra que sua "revolução teológica" foi embasada em " se ser coerente" com os escritos dos livros bíblicos e com os ensinamentos de Cristo. Jamais abriu mão da sua convicção, mesmo sob grandes riscos.
Suas idéias foram erroneamente manipuladas por um amigo da universidade o que gerou a "guerra santa" em Wittemberg, com um massacre popular aonde morreram centenas de pessoas, fato que o levou a crises depressivas, posto que não era adepto a revoltas e violências.
Foi salvo da Inquisição pelo próprio poder político do reitor da universidade, o príncipe FREDERICO III que o apoiava porque o admirava.
Profundo conhecedor da Bíblia, foi quem a traduziu para o alemão, época em que foi refugiado herege.
Penso que em tempos não tão remotos, a obra pudesse até ser censurada, tamanha a capacidade de mexer com o coração, com o pensamento e com a indignação de quem a assiste.
Ademais , o filme é uma aula de história da Idade Média, uma era que aprendi como sendo de obscuridade nas artes e no intelecto, porém que encerra mil anos de "polinização" do pensamento , que seriam de suma importância para o desenvolvimento antropológico das fases seguintes da História da humanidade...até os nossos dias.
Enfim , um homem que contribuiu para as grandes transformações do mundo que o sucedeu.
Vale assistí-lo e conferi-lo com o próprio discernimento.
Joseph Fiennes é ator que BRILHANTEMENTE interpreta Lutero.
De atuação impecável,oscila desde o doce menino ingênuo até o genio da liderança, da coragem e do pensamento.
Vale MUITO conferir.
Nota:
Fala do personagem Lutero quando traduzia a Bíblia e se via buscando palavras:
"Palavras são como crianças:quanto mais cuidamos delas, mais precisam de nós"