Revolta de Aragarças
Engana-se quem pensa que o primeiro seqüestro aéreo da humanidade ocorreu em algum país desenvolvido ou com problemas de terrorismo. Na verdade, o primeiro seqüestro aéreo que se tem registro ocorreu no Brasil em 1959, na região de Aragarças no estado de Goiás.
Nos idos de 1950 à Força Aérea Brasileira, (FAB), vivia um momento de grande desarmonia entre seus integrantes, que não sabiam nem mesmo quais seriam os pilotos dos novos aviões recém adquiridos da Inglaterra.
Juscelino Kubischek era o então presidente da República em 1959 e alvo principal de uma conspiração liderada pelo Major aviador Haroldo Veloso e pelo Tenente-coronel João Paulo Moreira Burnier. Os oficiais tinham um grande sentimento de indignação, pois Jânio Quadros havia renunciado a candidatura oficial postulada pela oposição e como agravante, existia a hipótese de uma conspiração comunista no Brasil. Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul seria o líder dessa conspiração no sul do país, segundo os oficiais.
No dia 3 de dezembro de 1959, dois aviões C-47 saíram sem autorização da Base Aérea do Galeão, o primeiro fora pilotado por Haroldo Veloso, que estava como passageiro e tomou a direção do avião após o inicio do vôo e o segundo era pilotado por João Paulo Moreira Burnier. Em Belo Horizonte, um terceiro avião foi seqüestrado, pelo Major Washington Mascarenhas, um Beechcraft de propriedade particular, nesse momento faltava apenas o quarto avião que faria parte da frota da revolta, seqüestrado por Eber Teixeira Pinto no momento que se dirigia para Belém e seria aguardado em Aragarças.
A região de Aragarças fora escolhida devido sua posição geográfica, que era o caminho de várias rotas aéreas e um importante centro de oficiais, para os revoltosos isso facilitaria a divulgação dos seus ideais na tentativa de agregar mais integrantes das Forças Armadas ao movimento, que tinha como um dos objetivos, bombardear os palácios das laranjeiras e do Catete, no Rio de Janeiro e ocupar as bases de Santarém e Jacareacanga, no Pará.
Carlos Lacerda era considerado um aliado do movimento, porem nesse caso não apoiou os integrantes da revolta e ainda os denunciou para o então Ministro da Guerra, Marechal Lott.
“Há um levante militar em curso (eu já cumprira com a parte que me competia, isto é, dei tempo aos revoltosos contra possíveis perseguidores),mas acho também que esta na hora de evitar que o pais caia no estado de sitio e na ditadura, por causa de um gesto heróico, talvez mas impensado e a meu ver irresponsável”. (Carlos Lacerda).
Essa contribuição de Lacerda é fundamental para que os revoltosos ficassem praticamente isolados, facilitando o rápido abafamento da revolta que durou apenas 36 horas. Seus lideres fugiram para paises como Paraguai, Bolívia e Argentina, voltando somente no período do governo de Jânio Quadros.