Construtivismo e mudança
ROSA, Sanny S. da. Construtivismo e mudança. São Paulo: Cortez, 1994. 86 p.
De acordo com (Sanny, 1994) é indubitável dizermos que a mudança seja algo que pressupõe uma dificuldade inerente a todo o processo de associação com o novo. Certos aspectos emocionais não contradizem este fato – como pode parecer numa análise deveras superficial. Nesse sentido, seguramente quando estamos diante da mudança também estamos diante do contrário, da resistência e muitas vezes do medo que se traduz pelo desconhecido.
“O novo quase sempre representa uma ameaça”. O ser em sua condição natural está necessariamente permeado de mudança. Tudo gira em torno de si revelando o movimento que é o cerne desse processo. Assim, podemos dizer que a mudança como algo inevitável está carregada de contradições, pois ao mesmo tempo que pressupõe uma necessidade revela uma resistência.
É esse o momento de perguntarmo-nos: como ou onde surge essa necessidade? Segundo (Sanny, 1994) é propício primeiro reconhecermos que a mudança não parece se o resultado das circunstâncias. Nela há antes uma dimensão aparentemente humana que não se reduz apenas ao exterior, isto é, à observação.
O ser humano é permeado de possibilidades que se configuram através dos sonhos. A capacidade de sonhar é a qualidade mais original do ser. Que digam os sábios. Que soem os sinos. Que discordem os fiéis ortodoxos da razão. O sonho é o princípio mais essencial da mudança.
Necessidade e desejo, portanto parecem ser a tônica de todo esse processo. Daí também nasce o estranhamento. A subversão da ordem. O caos premeditado em um mundo da aparente ordem e certeza.
Na trajetória do homem a ação que dita os passos revela a “insuficiência do mundo”. Para proporcionarmos a mudança é inevitável, portanto subvertermos a ordem. Não é, pois possível pensarmos em mudança sem desobediência.
Nascemos e por algum tempo esperamos a tão sonhada maturidade. Chegando lá, pronto. Somos independentes. Temos a possibilidade de escolha. Podemos fazer o que tivermos vontade desde que em nossa empreitada não prejudiquemos os outros. Então somos livres e independentes! Não parece ser bem assim. A sociedade coloca a obediência como valor supremo. Devemos questionar, pois como podemos considerarmos-nos independentes e livres se somos condicionados a obedecer? É por essas e outras que muitos se tornam frágeis e temerosos do novo.
Com relação à educação isso não é muito diferente. Mudar nesse contexto também implica uma série de possibilidades e fronteiras. Educação se dá como relação humana, transformação, conceito e afetividade.
COMENTÁRIO
O texto de Sanny S. da Rosa é bem esclarecedor. Nos convida a pensar a relação entre as pessoas a partir da idéia que se tem do novo. E o novo está de uma forma inquestionável relacionado com o desconhecido. A mudança, portanto se insere inevitavelmente nesse processo.
Segundo ela a mudança é movimento. “E isso implica ir a fundo em busca das raízes”. Ruptura seria a palavra certa para configurar todo esse processo.
A educação também não está alheia à idéia que se tem de mudança. Nela a necessidade desse movimento se torna ainda mais pertinente.
Referência bibliográfica:
ROSA, Sanny S. da. Construtivismo e mudança. São Paulo: Cortez, 1994. 86 p.