Sexualidade: RELAÇÃO EXTRA-CONJUGAL, O QUADRILÁTERO DA TRAIÇÃO
“RELAÇÃO EXTRACONJUGAL, O QUADRILÁTERO DA TRAIÇÃO”
Venho notando que inúmeras queixas sexuais têm aumentado e outras mudado de interlocutor. Mas uma permanece imutável. A traição. Compartilhada por ambos, sofrida e arrebatadora. Ela devassa a vida das pessoas e traz sofrimento para todos. Como agir? Longe de eu querer redigir um “manual do corno” ou apontar soluções para algo que já está em conflito desde o início. Vamos olhar de cima para baixo e fazermos uma planta-baixa da relação e dos motivos reais da tragédia.
Origem – os tijolos
O meu relacionamento é estável?
A maioria das escapadas advém de uma falha de atenção com o parceiro. O mesmo assume papéis diferentes (exemplo: a mulher era esposa e agora só é mãe... cadê minha gatinha? Pergunta o marido solitário.) ou grandes modificações corporais. Você engordou 10 kg! Também as novas perspectivas de projeção social: desde que você começou a estudar Direito ficou esquisita. Essas mudanças imperceptíveis incomodam. Todos estão soltos no mundo, com capacidade de seduzir e sermos seduzidos. O equilíbrio interno é fundamental.
Vamos comparar? – a estrutura metálica
Uma das maiores dificuldades do ser humano é ser avaliado. Ninguém gosta de fazer prova. E como concorrer com uma pessoa mais jovem, mais alegre e disponível? Inevitavelmente o “astral” é sem sombra de dúvida um catalisador do namoro. O grande problema está na medida do tempo. É muito mais fácil ser bonito e atraente em momentos especiais e já marcados do que fazer isto diariamente. O indivíduo do sexo masculino tende a procurar uma parceira mais jovem e de nível sócio-econômico inferior, ele quer ser admirado pelos valores do ter e não do ser. Já a mulher prefere alguém de sua faixa etária, que troque vivências com ela. Que saiba as mesmas músicas, que já tenha viajado para os mesmos lugares. De preferência, que até compre no mesmo supermercado...
E quando ele é safado? - não existe tijolo firme sem cimento no meio
O Don Juanismo (fenômeno em que o homem é um grande conquistador, mas péssimo mantenedor) é comum após os 40 anos. Sua infantilidade denota-se no ridículo da exposição social. Julga-se jovem e passa a agir como tal. Não adianta nada. O espírito machista permanece inalterado. E o pior machista é a mulher machista, essa sofre dobrado, porque é traída na rua e a si mesma. Pode ser também encontrado em garotos de 15 a 25a, onde a sociedade hipócrita o manda “aproveitar”. Vai viver sua vida, rapaz. Só que quem aproveita sempre tem uma parceira. Por que será que o menino que sai com todas é garanhão e a mocinha que faz o mesmo é galinha? Sem resposta. O que estes indivíduos precisam é de valores internos e objetivos claros. Quem fica com muitas não tem nenhuma. É chifrudo também. Ou vocês acham que mulher também não pula a cerca?
E quando o outro é um destruidor de lares? – a casa só cai com vento se a viga for fraca
A tendência de culpar alguém externo é mundial. Ledo engano. Somente um problema no casal é que dá chance para a coisa desandar. Se estou tomando café pela manhã e mancha a minha roupa e dou o maior esporro nela, como irei querer sexo de noite? E se brigo porque deu três beijinhos naquele jogador de basquete cabeludo e sorridente. Como irei pedir uma bimba depois da festa? Lá no Carrefour ao se agachar para pegar a lata de leite condensado ela o vê, todo solícito, ensina qual marca é melhor. Que beleza! Lá na escola em vez de chamá-lo de burro o tempo todo ela ensina a tarefa de matemática de uma maneira diferente e divertida. E aí como faz? Deu chance, levou.
O momento – o acabamento é sempre mais caro do que o alicerce
A oportunidade aparece em qualquer lugar. É inerente. Não adianta vigiar, seguir e muito menos prender. Está provado estatisticamente que àqueles que não dão liberdade aos seus parceiros são os mais atingidos pelo chapéu de touro. Você pode ir e vir que estou aqui. Mas se for e não voltar, talvez eu não esteja mais no mesmo lugar e muito menos seja a mesma pessoa que um dia você conheceu.
A culpa – tudo ruiu e você não pagou a luz e nem o telefone
Dói mais em mim do que em você. Essa conversa para boi dormir é usual. O traidor sente culpa. Mas maior ainda é o arrependimento de não ter feito isto antes!!! Se o relacionamento está detonado, aí tudo vira desculpa para encontros cada vez mais frequentes e menos furtivos. Vem a vontade de espalhar aos quatro ventos que está amando novamente. Se a coisa permanece em mistério... Bem, talvez o próprio mistério seja a razão dela estar perdurando... Aventura e fantasias são universos comuns no imaginário feminino, mas nem sempre realizados. Já o masculino quer definições, mas raramente ele irá deixar sua relação de anos e anos para apostar em algo novo. A sua situação é mais confortável. Socialmente inclusive.
O triângulo instalado – não se joga pedra em telhado de vidro
Antropologicamente o medo maior é de que o filho não é seu. Consequentemente os seus genes não foram disseminados. Na nossa sociedade é o da herança. O outro (a) está aproveitando o que de direito sempre foi meu. Mas quase ninguém percebe o real drama. Onde eu falhei? Perguntam-se ambos. E indo no fundo do poço: o que fiz de errado? Em momento algum o meio externo pode sobrepor-se ao interno. Traduzindo: as más línguas dão toda sorte de palpites, 99% infelizes. Vire-se pra dentro meça o sofrimento e faça um resumo de seus atos e sua vida pregressa. Com certeza ocorreram falhas em muitos instantes. Você não equacionou isto e nem pôs na balança. Discuta tudo, se for possível. Comece novamente, sem mágoas ou perguntas embaraçosas. Reinicie tudo outra vez com quem você indubitavelmente ama. E o escolhido (a) pode ser o (a) mesmo (a), ou o (a) outro (a).
JB Alencastro