Sexualidade: ESTUPRO

“ESTUPRO”

Desde tempos imemoriais ele existe. Até nas lendas gregas o mesmo está bem relatado. Zeus iniciou sua ativa vida sexual casando-se com sua irmã Hera ( incesto ). Raptou Egina, filhinha querida do rei Esopó. Violou Deméter, transformado em touro. Inúmeros casos de posse sexual mediante fraude. E ele era um Deus! Imagine nós, pobres mortais... Mas isso não justifica este ato hediondo que é mais uma violëncia corporal do que propriamente um ato sexual.

Os jornais se fixam muito em notícias semelhantes, mas não identifica o malfeitor e muito menos suas características. O FBI americano o identifica como solteiro, mais de 25a , com antecedentes criminais e de baixa classe social.

É sempre um ato de violência para aliviar energias agressivas, contra outro homem. O sujeito não consegue descarregá-la em alguém e vai encontrar a mulher como um objeto de posse e uso.

As causas são, segundo Caprio: rotura das barreiras sociais normais, como numa guerra. Psicoses graves, que as vezes terminam em morte. Distúbios do caráter, está roubando aproveita e viola. Os impulsivos, que estão sobre estresse constante e apresentam remorso e culpa. Os com inadequação social, são tímidos, reprimidos e não conseguem conquistar uma mulher. E os sádicos – que recheam os filmes tipo “B” – que são violentos, com profundo ódio pela figura da mulher.

Os padrões são interessantíssimos, já que a maioria ocorre na própria casa da mulher e não na rua , como se imagina. Ele geralmente é planejado e sempre têm como mote a violência física, seja ela como forma de ameaça ou mesmo perpetrada como exibição de força e coação. E o que é pior, em 30% dos casos ocorre com pessoas já do conhecimento social da vítima.

Ele acontece mais pela escolha do lugar do que pela própria vítima, essa terá idade entre 15 e 30a, mais comumente. Vestuários sensuais podem atrair o agressor e geralmente ele planeja o ato com antecedência. Ocorrendo o crime, temos uma fase aguda de desorganização que dura dias ou semanas com sensibilidade exagerada, dor local, pensamentos obsessivos sobre o fato. Pode durar até semanas. Depois advém uma fase de reorganização que pode durar meses ou anos, que mudam a rotina de vida, com pesadelos, fobias e traumas dos mais variados.

O que fazer ...

Primeiramente a vítima deve ser atendida prontamente e jamais questionarmos se ela seduziu o “monstro” . Isso só ocorre em 3% dos casos e não o exime da culpa, já que o que ocorreu foi sem o consentimento da pessoa. Isso mostra que o estupro pode existir e é até comum dentro de um casamento ... As delegacias da mulher são quase sempre bem montadas e a delegada gentil. Deve denunciar sempre!!!

O exame físico minucioso, tal como raspar o pelos púbicos com pente fino, para identificar os pelos do criminoso. Colher o esperma, colher pele debaixo das unhas, etc. Usar a contracepção de emergência, já disponível no mercado. Medicação para DST ( doenças sexualmente transmissíveis ) e exames de VDRL, HIV e HbsAg, respeitando os períodos de incubação. Existe um tratamento para infecção aguda de AIDS, nos postos de saúde especializados. Terapia de apoio imediata e suporte psicológico.

Continuar o tratamento, enfrentar o agressor e identificá-lo. Já que a maioria deles é contumaz, ou seja: o faz mais de uma vez. O você gostaria que isso ocorresse com qualquer quem seja ...

É um tema triste e o tom do texto muito sério. Mas temos de nos previnir.

A primeira preocupação é sair vivo do episódio, em segundo lugar, não se ferir. Depois, não machucar os genitais , e finalmente impedir a penetração do pênis e a ejaculação na vagina.

Somente quem sofreu algo semelhante pode realmente entender a gravidade desse crime. Para suavizar, cito um poema de Bilac.

“ Clarinha a mamãe chorosa”

Clarinha, a mãe, chorosa,

Conta o que lhe aconteceu:

“Eu ia silenciosa...

Um homem me apareceu...

“Estava deserta a estrada,

E não passava ninguém...

Parei, pálida e assustada,

Ele então parou também...

“Houve um silêncio de morte,

Um espanto entre nós dois...

Depois... como ele era forte...

E eu era fraca... depois...”

“Clara, você me consome!

(Brada a velha com furor)

Declare-me já o nome,

O nome do senhor.”

“Não sei.” E, no seu desgosto,

Na sua atrapalhação

Chora... “Porém viu-lhe o rosto,

Viu o rosto do vilão

“Não vi, tudo estava escuro...

Escuro... não vi... não sei!

E, demais, naquele apuro

Não foi p’ro rosto que olhei...”

JB Alencastro