Sexualidade: "A GRAVIDEZ"

¨Sexualidade e a gravidez¨

Existem muito mais perguntas do que respostas sobre este tema. A simplicidade que abarca a maioria dos casos se resume em apenas um ponto: informação.

O casal grávido está cercado de tabus e preconceitos. Cabe ao profissional desvendar os mistérios que envolvem a gestação, que na realidade é um momento sublime e muito simples do ponto-de-vista afetivo e médico. Basta ter paciência e conhecimento.

Perguntas mais comuns:

1. Ocorre algum tipo de mudança na sexualidade da mulher; e no homem, na gravidez

Claro que sim, tanto fisicamente como psiquicamente.

2. Dá um exemplo...

A vagina fica mais entumescida, a resposta sexual orgásmica aumenta no 2º trimestre, alguns homens têm um aumento exagerado do desejo e a maioria sentem dificuldade de desvincular a idéia de mulher ser mãe. Algo católico, mesmo. Da figura materno ser algo intocável e sagrado. Além do medo – infundado – de que machuca o baby...

3. Vamos por partes, muda o que, na mama por exemplo

Pode ocorrer de até ejetar leite no orgasmo, ela fica mais tensa e cheia.

4. Pode ter relação sempre

Claro, desde que a gestação não esteje sob algum risco técnico. Um trabalho de parto prematuro, ou um sangramento. Algo bem grave. Isso foi bem descrito por Georga Kopoulos e Perkins que não acharam nenhuma relação de causa e efeito com o coito e o trabalho de parto prematuro e/ou a rotura das bolsas.

5. Faz mal ao neném

É um mito muito comum, mais freqüente entre os homens ... Eles pensam em 30% dos casos que machuca o concepto e que ele está vendo o ato... E por incrível que pareça, alguns médicos acreditam nisso. Até hoje tem gente proíbe o coito na gestação! Ignorando que o princípio básico da vida é que somos seres humanos em primeiro lugar e que depois nos identificamos como homem e como mulher, sendo assim amamos e queremos ser amados, fisicamente falando, claro!

6. A infidelidade é uma constante neste momento

É mais um problema de caráter e interesse real na parceira do que propriamente por ela diminuir a frequência coital no último trimestre. Quem ama está antenado na situação e compreende plenamente, e existem outras maneiras de alcançar gozo que não o pênis na vagina ... Atenção à estas pessoas ... São rasas.

7. A mulher fica enjoada, mesmo

O fenômeno psíquico mais comum feminino é a regressão ... Pode ficar bem infantilizadinha a gestante, mas isso depende substancialmente da velocidade de adaptação ao novo fato. Estou grávida. Devemos lembrar que socialmente a maternidade é cercada de elogios e é um fato. A paternidade apenas um pressuposto... O macho se orgulha de que terá um herdeiro. Será que eu vou dar conta ... perguntam-se ambos. O que ocorre é uma labilidade emocional intensa, a grávida chora, ri, e fica com raiva em questão de segundos. E isso de ser conhecido e bem elaborado, se não “dá briga”.

8. Tenho medo

Medo é a chave da gestação. Do que o ser humano mais teme, é do desconhecido... Sim, óbvio. Não sabe se irá conseguir “dar conta” do neném. O pai se esmera no papel de provedor, trabalhando em dobro, se reafirmando. Errado, deveria estar ao lado de sua parceira e dar-lhe conforto e segurança corporal. Proximidade é a palavra-chave. Dormir abraçadinho com a “gest” já seria um grande avanço. Ela se for uma estudante, abandona os estudos. Se for uma profissional liberal se enfia de cabeça no trabalho. Ambas paradoxalmente enganadas. A jovem acadêmica pela sua insegurança em ser vista como frágil e tudo mais e a outra por total desconhecimento desta nova situação que não domina (e ela gosta de ter controle sobre tudo, inclusive o parceiro ...) Então ataca a sua atividade laborativa tentando provar a sei lá quem do que ela é capaz. Esquecendo que vai nascer alguém que depende única e exclusivamente dela.

9. E o parto

Pré-natal tranqüilo, parto é normal e a mãe amamenta. Pré-natal estressado, parto cesárea e o leite seca. Causa e efeito. Simples e cristalino. Chegou a hora. No fundo, seria nada mais nada menos do que a realização do mais sublime e direto desejo de todos os seres vivos: a preservação da espécie! Instinto básico. Mas de todo coração, afirmo sem medo de ser feliz de que o que mais importa é o pré-parto e o pós. Ali se diferenciam os verdadeiros pais e mães. Enquanto uns fazem planos para o retorno ao trabalho, outros sonham com o firmar da cabecinha, com os balbuciares, com o crescimento do novo ser e o conseqüente engrandecimento de si mesmos.

10. Ainda tem de dar de mamar ...

Ato erótico por excelência, sublimado pela nossa sociedade hipócrita. Lá vão um monte de frases: “ Peito de mulher gestante é só do bebê. Meu marido só fica assistindo o jogo de futebol. Eu dou mamá até na fila do ônibus. Meu marido está sempre reclamando da amamentação.” Tudo besteira. Vejamos a verdade sobre isso. Há uma evidente dessexualização desta mãe, pois a mesma dissocia seu ato do prazer. Algo típico na nossa sociedade, que valoriza o sofrimento e não o gozo. A sua mama, que seria alvo de desejo sexual da galera, pode agora ser vista a vontade, sob o manto da maternidade... E o marido evidentemente implica pois sente-se rejeitado e vê o filho como inimigo, que roubou sua fêmea.

E o outro lado da moeda, vejamos estas frases: “ É um prazer quase que sexual. Dá tesão, mesmo. Dá uma sensação de uma coceirinha lá embaixo... É mais legal amamentar filho homem. É segredo, mas gozei.” É um problema danado.

A amamentação é a essência da sexualidade. A primeira fase do desenvolvimento sexual é a oral. A capacidade de amar de qualquer indivíduo está intimamente relacionada com a forma de que foi tratado nos seus primórdios... Se a mulher fica nesse intenso conflito de sentir prazer ao amamentar isso trará conseqüências. Mas tudo bem. Amamentar é 10! Algo que os homens jamais sentirão...

Poderia acrescenta mais dezenas de questionamentos. Deixo-os para nós mesmos.

Antes de termos um filho, devemos perguntar porque o queremos, e se deixaremos eles serem eles. E não extensão de nossas frustrações ou sonhos que nunca conseguimos ter realizado.

Deixemos de lado nossos rasteiros valores materiais e abracemos mais nossos filhos. Toquemos eles constantemente.

Pois quer queiramos ou não, eles são sonhos. Sonhos que nunca conseguiremos modelar.

JB Alencastro