Sexualidade: A TERCEIRA IDADE
A TERCEIRA IDADE
Muito tem se falado e pouco feito para as pessoas que estão adentrando neste período da vida. O que percebemos claramente é que tanto os homens quanto as mulheres são relegados a segundo plano. Parece que a sociedade judaico-cristã-ocidental não é lá muito fã dos mais velhos. O mito da juventude eterna? Para vender carros caros colocam jovens guiando-os... Desde quando um garoto de 25 anos ou uma menina desta idade pode adquirir um importado que beire a centena do milhar de dólares? Desde quando esse mesmo pessoal usa Armanis, Pradas, Versaces e tudo mais? Nunca!
Sexo também é consumo. E que consumo. Nessa fase as mulheres podem encontrar o apogeu de sexualidade – segundo Kaplan (é uma mulher) entre os 45/50 anos. E os homens também. Mas parece que eles já perceberam isso... A famosa idade do lobo. Uma necessidade de afirmação entre os pares, típica do sexo masculino, ou realmente a experiência influi positivamente? Então, a primeira pergunta que esse grupo etário tem de fazer a si mesmos é: “- O que eu tenho feito para mim mesmo?” E a segunda é a vivência do luto : “O que perdi e o que ganhei?” Em todas as experiências de vida temos ganhos e perdas, infelizmente tendemos a valorizar mais as perdas do que os ganhos ...
Os filhos estão crescendo e ficando independentes, a profissão está estabilizada, mas às vezes o casamento está na mesma. A maioria do povo acredita – e o que é pior, deseja piamente – que a vida seja linear, sem altos e baixos. Isso é a mais pura inverdade. Existem ciclos de alternância. Abismos de decepções seguidos de picos de realizações. O homem desempregado não consegue encarar bem isso, fica impotente. Poder é ereção. Pobrezinho. A distinta senhora que nunca trabalhou fora, cuidou da casa e dos filhos, os vê viajarem, arrumarem parceiros, e o ninho fica vazio. E ocasionalmente o seu amado parte para conquistas sexuais algo duvidosas, como de funcionários subalternos e coisas afins. Típico do machão brasileiro, bom de sedução e péssimo de manutenção.
Poderia desfiar inúmeros exemplos práticos deste momento em que a auto-estima cai e ocorre simultaneamente uma postura crítica ferrenha: policial de si mesmo e uma passividade bovina (vítima) medo da rejeição, necessidade de culpa ... Mas as soluções estão na nossa cara, para serem usadas, revisadas e discutidas.
Você acha que o papai e a mamãe não trepam? É, t-r-e-p-a-m, sim. Assumir que é bonito, sensual e gostoso é um enorme, decisivo e primordial passo. Vestuário mais ousado, cortes de cabelo. Ginástica. Tudo vale. Nem que tenha resultados imediatos, mas apenas o sentir-se bem.
Você sempre quis ter o cabelo comprido? Deixa crescer, e daí? Já mergulhou? Já fumou um charuto cubano? Já escreveu a frase “EU TE AMO” em inúmeros bilhetinhos e foi espalhando pela casa? Qual o problema em ser espontâneo e autêntico? Olha, você tem cinquentinha, não deve absolutamente nada a ninguém. Vá ao cinema de mãos dadas, é lindo e chiquésimo. Se ele não pode ir a Europa ou Caldas Novas, junta umas amigas legais e vai. Vai e brinca bastante. E explica pro durão que mulher sabe se divertir sem ter que manter relações ou coisa que o valha. Se você quer dançar a noite toda, traduz pra ele que você quer dançar a noite toda, e só. Nem mais nem menos.
Leia o livro “O amor nos tempos do cólera” do Gabriel Garcia Márquez. Veja o filme “Harold and Maude”, acho que se chama “Ensina-me a viver”, no Brasil ou então “As Pontes de Madison” com o Clint. Escute “Father and Sons” do Cat Stevens e assista na TV os desenhos do Tom e Jerry, que nem eu nem você somos de ferro! Ehehehe!
O corpo pode demorar mais um pouquinho para ter uma ereção, mas; no entanto demora também para gozar. A pele já não está tão sedosa e a vagina não fica encharcada rapidinho, mas você conhece seu corpo como ninguém e sabe bem onde deve ser tocado.
Envelhecer é sublime e lindo, basta ter classe!
JB Alencastro