Preconceito Linguístico
Silva, Maria Lúcia da. Preconceito Lingüístico. In Revista Filosofia Capital. Vol.3, Edição 7, ano 2008.
Preconceito lingüístico não é algo novo. Não são poucas as dificuldades de aceitação pela linguagem a qual passam um grande número de pessoas. Do norte ao sul muito dos valores que, como algo que parece inevitável, passam de geração para geração indubitavelmente começam e terminam pela “simples” comunicação entre os seres humanos.
Até quando – se perguntam algumas mentes envolvidas na análise de todo esse processo – repetiremos essa evidenciação? Sim! Preconceito lingüístico é algo muito evidente, não há como discordar.Nesse contexto parece extremamente acertada a frase do homem comum que diz: o pior cego é aquele que ver, mas não quer enxergar.
Nesse ínterim surge algo bastante relevante. Podemos partir dos seguintes questionamentos: como dar uma base filosófica para a análise de todo esse processo? “De que modo é possível romper com o círculo vicioso do preconceito lingüístico?”
A estas perguntas Maria Lúcia da Silva se propôs a escrever um artigo recentemente que merece no mínimo uma reflexão analítico-sintética – sem querer parodiar os princípios categóricos do kantianismo.
Segundo Maria Lúcia, é conhecido que os seres humanos dão significados as coisas do mundo que os cercam. Estão envoltos, portanto, numa simbologia aparentemente organizada permeados por relação de comportamento. Como a linguagem se dá nesse contexto? Parece ser simples! As pessoas por necessidade de sua condição humana precisam dar nome as coisas, sobretudo por estarem relacionadas com elas e permeadas por uma característica própria de manifestar sentidos enquanto ser que existe. Pela linguagem o ser humano nomeia tudo e a si próprio.
Nesse artigo a autora (Maria Lúcia) parte do pensamento de Marcos Bagno não só para descortinar o sujeito da linguagem, mas também para marcar o seu nascimento. Pois segundo ela “o momento de acesso pleno à linguagem marca o nascimento do sujeito”.
Mas há um ponto necessário que ainda não foi possível responder! Vamos a ele, portanto: o que é afinal de contas preconceito lingüístico?
"O preconceito lingüístico é fruto de uma visão de mundo estreita, inspirada em mitos e superstições que tem como único objetivo perpetuar os mecanismos de exclusão social. Ele é alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é 'errado' ". (Maria Lúcia)
Sobre estes mitos Bagno faz uma análise mais precisa em seu livro “Preconceito Lingüístico” (2004). Nele, Bagno inteligentemente e de uma forma bastante criteriosa mostra a fragilidade dessas construções.
Embora o artigo de Maria Lúcia na sua maioria seja ostensivo, vale dizer que ela peca por tentar, mas não conseguir dar todo um respaldo filosófico. Há alguma coisa aqui, outra acolá como, por exemplo, no tópico “Linguagem e subjetividade”. Até que dá para entender algumas coisas como a idéia de ausência e presença do sujeito pleno de linguagem. Todavia, essa análise por ser feita de uma forma muito rápida, tira inevitavelmente toda uma fundamentação necessária.
Entretanto, o artigo é bastante esclarecedor e de uma boa base lingüística. Estudantes de Letras e pessoas que se interessam pela reflexão acerca da linguagem e de seu inevitável processo social, receberão através dele contribuição relevante e necessária.
A afirmação da existência que se dá plenamente pela linguagem e têm o seu ponto alto na reflexão em torno dela. Os seres humanos se relacionam com as coisas e com outros seres num processo simbólico de nomear e de significar. O preconceito lingüístico pode ser superado apenas a partir do indivíduo. É preciso agora valorizarmos as diferenças lingüísticas, pois já fazemos isso com seus conteúdos.
Referência Bibliográfica
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é como se faz. 33ª Ed. São Paulo: Loyola, 2004.
Silva, Maria Lúcia da. Preconceito Lingüístico. In Revista Filosofia Capital. Vol.3, Edição 7, ano 2008.