Sexualidade: SEXUALIDADE E A MULHER

SEXUALIDADE E A MULHER

Se fossemos falar sobre este assunto ele abarcaria um livro, bem grosso e volumoso, aliás seriam vários tomos. Um verdadeiro calhamaço. Para as coisas ficarem mais leves, imaginemos - ou melhor falando- vamos assistir alguns filmes.

Começamos com “Olha com quem está falando”, com o John Travolta . A gestação de uma menina é totalmente diferente de um menino, tenho filhos dos dois sexos e nunca soube quem eles seriam antes de nascerem. Então eu entrava em um recinto, e declarava que minha esposa estava aguardando um menino. E as falas eram :

“- Nossa que beleza de barriga, bem que eu notei que ela está bem pontuda. Ih, vai jogar bola que nem o pai, vai ser canhoto, olha como mexe do lado esquerdo!” E davam uma batidinha na barriga reafirmando a virilidade do neném. “Aí, garotão ...

E se eu adentrasse em outro local e dissesse que era uma menina, o discurso era totalmente diverso !!!

“- Nossa, que gracinha, bem que eu vi que essa barriga tava bem redondinha...” Olhem só, até o formato do ventre materno muda de anatomia de acordo com o diagnóstico do sexo...

Isso se chama formação do gênero. Simplesmente antes mesmo de uma criança nascer já estamos adjetivando-a e classificando-a de acordo com seu sexo. Incluindo símbolos fálicos ( pontudo, etc. ) até no toque – acariciando o abdome da mãe que está esperando uma garotinha, e dando palmadinhas se for homem.

Se você for ver “O pai da noiva”, Steve Martin. Encontrará novamente o preconceito e a reação clara do pai diante da filha grávida, onde ele diz : pelo menos espero que seja homem. Oras, desde quando ser mulher é sofrer? A criança amada e esperada, seja ela homem ou mulher, nasce bem mais saudável e cresce e amamenta melhor do que àquela que foi rejeitada. Cuidado ao escolher o sexo de seus filhos. Isso pode ser uma maneira de exclusão que fica sedimentada por toda a vida .

Recorrendo novamente ao “Olha com quem está falando” vemos a relação entre os irmãos, como criamos uma menino e uma menina... Se o menino toca em seus órgãos genitais ele logo é elogiado. Mas se é uma menina ela é dissuadida de afastar as suas mãos deste local sujo e proibido ...

No filme “A princesinha” temos a relação pai e filha. Essa é de suma importância para a mocinha. Ela irá calcar a sua vida sexual no futuro. Se for um pai carinhoso, que a toca e consegue colocar o julgamento acerca dela e de seus atos com o mundo de uma maneira justa e honesta; certamente ela terá mais chances de ser feliz.

Passando por “A escolha de Sofia” com a Maryl Streep , percebemos que a construção de uma personalidade é essencialmente comportamental. O ditado “olhe com quem andas e te direi quem és” é soberbo. Ali a mãe é movida a escolher quem viveria ou morreria. Não precisamos ser tão radicais, mas se não forem dadas – no mínimo – as mesmas oportunidades à menina que ao menino, isso não é correto ...

“Blade Runer”, um documento do pós-modernismo, mostra a mulher-objeto, a mulher coisa. Se ela for educada sempre valorizando a beleza e a sedução, tornar-se-á uma escrava destes valores. E tudo fica tão difícil na adolescência ... Como segurar os hormônios, se fui criada para seduzir e quando chega a hora do “vamos ver” eu tenho que dar o fora ?

“9 semanas e ½ de amor” com uma das três da santíssima trindade das loiras do cinema ( Kim Bassinger, Michele Pfeifer e Sharon Stone) é um filme com várias interpretações, mas as cenas que devemos nos ater seriam aquelas em o toque se destaca. Pois ele é o segredo da relação sexual feminina. Pay attention, please. A pessoa que toca e é tocada, tem o caminho do prazer em suas mãos . E isso não é um trocadilho ...

“Instinto selvagem” , com a maravilhosa Sharon Stone mostra o universo masculino sexual totalmente desnudo. A visão = excitação masculina. E ponto final. Só vendo o filme para saber com maiores detalhes... e como a mulher aprende isso rápido... Nos seus gestos, suas vestes, no mostrar e insinuar...

“Diabolique”, a mulher é rival dela mesma. Não que descremos da verdadeira amizade entre duas pessoas do sexo feminino. Mas na prática isso tem se tornado raro. Pois a competição entre elas mesmas é cruel. Diferente dos homens, que não conseguem disputar uma mesma mulher quando ambos são amigos. As regras entre as mulheres nesta esfera é : não há regras .

“L.A. Cidade Proibida” temos dois homens disputando uma mulher, máscaras pessoais. Pessoas tentando serem quem não são. Quem não consegue se afirmar torna-se a falsa extrovertida. A sedutora vã. Que tem medo de envelhecer e de consequentemente perder suas armas de sedução, que se pautam exclusivamente na beleza física. Difícil. O mundo voltado para valores de “casca”é muito rigoroso com estas criaturas.

“Alien o 8º Passageiro e a insofismável Tenente Ripley – A mulher e a tecnologia. A mulher torna-se uma guerreira no mundo moderno, tentando cumprir uma tríplice jornada de trabalho, é mãe , esposa, dona-de-casa e profissional. Assim é duro. Papéis inúmeros e todos com uma carga enorme de pressão e cobranças. Seria isso mesmo que elas querem ? Onde ficam a feminilidade?

É óbvio que em “Rápida e mortal” com a Sharon Stone, veremos mulher que luta. Mas precisa se igualar aos homens com seu mundo objetivo e matemático? Ou o caminho ideal, um meio-termo entre a disputa de um lugar ao sol no mercado de trabalho – sem cantadas baratas e comparações pérfidas – e uma casa tranquila ainda não foi alçado ?

Com o modismo das academias e da malhação temos o exemplo claro da transformação da fofíssima Demi Moore - vide “Ghost”- numa dependente do corpo em “Striptease”. Quanto vale uma lipo? Uma dermolipectomia? Ou seria melhor umas férias em Paris com o ser amado ...

Novamente Demi Moore brilha em “Proposta Indecente” . Todas as pessoas têm um preço, mas o nosso mundo machista e sexista não tem cobrado demais das mulheres ? Fazendo-as se colocarem em uma prateleira de vaidades e luxos vãos ? Esse é o lado que ninguém comenta, o da entrega por interesses maiores. Porque será que quase todo empresário riquíssimo namora com modelos e não com médicas, advogadas ou engenheiras?

Mas ainda resta uma esperança pois o segredo de uma vida conjugal feliz está neste filme “Ghost” – O namoro. A cumplicidade alcançada por ambos floresce a olhos vistos. Conquistar quem amamos a cada dia que passa é algo sublime. É a pedra filosofal do relacionamento humano. A renovação diária de nossas fantasias.

Em “Suzie e os Baker’s boys” a estupenda Michelle Pfeifer demostra claramente que só tem sucesso aquele que consegue ser ele mesmo. Pelo menos na maioria das horas do dia. A mulher transparente, que é a mesma com os filhos, com o seu trabalho, com sua família, onde quer que ela esteja será identificada rapidamente como: FELIZ .

E não adianta fechar-se em si mesma, deixar as amizades da vida de solteira para trás ou ser somente amiga dos amigos do seu parceiro. Cabe a verdadeira mulher, ter o seu próprio círculo de preferências, o seu mundo somente seu. Indivíduo. Como em “Thelma e Louise” – em que Geena Davis e Susan Sarandon fazem um libelo da liberdade. Ah, tem até um Brad Pitt meio chué no meio.

No “Clube das desquitadas” formam-se os vínculos. Não podemos saber sempre quem é falsa # verdadeira. Muito árduo diferenciar a verdadeira razão de algumas mulheres se separarem ou o que é pior. Manterem um casamento falido. Talvez por uma insistência da própria criação e de seus valores.

Bem talvez eu esteja lhes cansando com todos esses exemplos cinematográficos, mas deixei para o final o que considero de melhor: “Pontes de Madison, com o ídolo Clint e a Meryl – O amor maduro”. O amor somente existe com a repetição dos fatos, com a feliz coincidência de gostos e prazeres. Inauditos. Esse é um poema cinegrafado. A mulher sabe realmente amar. Algo que o homem tem dificuldade é a entrega e a renúncia, mas a mulher, não ! Ela vive intensamente esses dois valores.

E por final “Chuvas de verão” filme de Cacá Diegues com o Jofre Soares, onde vemos claramente que o amor não tem idade. A mulher pode, deve ser e estar completa em qualquer época de sua vida. Isto não é absolutamente vergonhoso. É , ao contrário, lindo !!! Dois sexagenários se amando é algo divino. Pois aí não há mais corpo, dinheiro ou outros valores menores. Somente a entrega e o prazer de amar.

Mulher o seu dia é sempre. Obrigado por eu ter mãe, esposa e filha , pois me sinto completo !!!

JB Alencastro, um mero homem.