Sexualidade: A DÉCADA DE 90 E O QUE VIRÁ?
“A década de 90, e o que virá? ”
A década de sessenta foi caracterizada pelo amor livre e a liberalização dos costumes. A de setenta pela plastificação dos hábitos, sentimentos e música de discoteca. A de oitenta pelo yuppies, o dinheiro pelo dinheiro, o consumo de pessoas, a Aids e tudo trocável, até o indivíduo. E a de noventa? Muito se fala e pouco se escreve. Afirmo que a década que passou foi a da carência afetiva.
O homem se isolou mais e mais. Medo de se dar, medo da entrega e medo de dizer que ama. A Internet proporcionou um momento único de contato. E o que as pessoas fizeram? Criaram papéis imaginários de ser e ter, sem nunca realmente se mostrarem íntegras. No final de um joguinho de futebol no sábado, os caras vão tomar uma cervejinha e um diz: “- Olha, tenho que ir embora porque minha esposa está me esperando.” Para quê ? É a maior gozação... E este mesmo sujeito diz: mas eu vou porque a amo e quero ficar com ela agora. Com certeza inúmeros gostariam de estar naquele papel. O homem que ama, declaradamente, sem subterfúgios. Não é tão difícil...
Porém o amor é entrega. O amor é troca. E nós homens, trabalhamos mais com a conquista, com o jogo da sedução: “Olha, tá vendo aquela gata? Já comi.” Quase ninguém diz, por exemplo: “Tá vendo aquela mulher ali, eu a amei demais e até hoje torço para que as coisas dêem certo para ela.” O medo de perder o controle é a desculpa para a superficialidade das relações. As pessoas estão irreversivelmente sós. Isoladas.
Falta o toque, o olho no olho. Sabemos que a excitação sexual masculina se dá principalmente pelo estímulo visual, o ato de olhar ( ou quase ver ) um peitinho, uma coxa, um bumbum, leva a uma ereção imediata. Mas a mulher é diferente. Ela precisa ser tocada. Acariciada. Nenhuma gosta de ser penetrada de imediato. Elas querem namorar ! E muita das vezes elas só querem é se esfregar e não manter o coito. E o mané já pensa : Ih, ela já tá querendo...” Como diria a espanhola Eva em uma noite fria de Cuzco - Peru, “Hoy estoy cariñosa, pero no estoy amorosa ...” É isso aí moçada . A mulher tem seus mistérios... E nem sempre é bom desvendá-los.
E vocês mulheres, porque não confessarmos nossas preferências sexuais e discuti-las? Ou será que achamos que o(a) parceiro(a) irá adivinhá-las todas? Ora, se o homem não tem nem a sensibilidade de perceber qual mulher olhou para ele assim que o mesmo adentrou em uma festa; como vai saber que você adora que ele passe as mãos de levinho nas suas costas ?
Ou somos honestos ou seremos todos trocados como mercadorias. Descartáveis. Precisamos urgentemente dizer a alguém que o amamos. Precisamos de uma maneira premente, sermos tocados. Voltarmos para dentro de nós mesmo e implodir o coração de amor, explodindo o desejo. “Be you self and you’ll be happy”. Acho que sou obrigado a traduzir: “SEJA VOCÊ MESMO E SERÁ FELIZ!”
JB Alencastro