Aterrorizante

Terroristas invadem a civilização! Mas como? Uma civilização como a nossa, que sempre aterrorizou nações, produziu holocaustos, conquistou e reconquistou à força territórios alheios ?, e como se não bastasse, submetendo culturas e povos à adúltera influência colonizadora desta dita sociedade ocidental!!!

O terror conseqüente de guerras televisionadas num Vietnã miserável e dividido, das bombas assoladas em terrenos chineses e palestinos se materializa hoje em represálias e grupos de indivíduos que se inflamam pelo ódio gerado pela supressão e submissão intelectual, racial, e moral dos seus destinos. É hora então de colher as tempestades.

De colher os frutos apodrecidos pela violência, pela morte, pelo escárnio.Colher o ódio semeado nos ventos e monções do oriente, nos céus frios das manhãs em Gaza ou os empoeirados desertos do islã.

Muita ganância arregalou olhos ocidentais ao deparar-se com as enormes jazidas, as pujantes reservas petrolíferas em meio a guerra ideológica e religiosa. Mas, hoje infelizmente, a contraposição de forças inevitável que o tempo traria mais cedo ou mais tarde se evidencia nas não menos gananciosas maneiras de atacar a segurança e a auto-estima das metrópoles, sejam com armas bioquímicas ou as humano-bombas infiltradas dos metrôs das cidades ou nos arranha céus de Nova York.

Conquistadores já exaustos perdem no cenário mundial o lugar para propagandistas do terror que nada mais são do que esses frutos apodrecidos pela dominação e pela supressão acumulada.

O fluxo contínuo de imigrantes muçulmanos, islâmicos, asiáticos, americanos nos últimos dez anos na Europa e EUA é um fenômeno significante, que abre novas possibilidades para discutir a participação e a valorização dos grupos nesses contextos sociais.

O velho continente, Europa, por exemplo, vivencia uma queda no número de europeus originados no território há algum tempo, graças aos índices baixos de natalidade e tem uma população de média a avançada idade, o que já se traduz no estilo de vida das famílias. Mas, os imigrantes incorporam as cidades e os espaços cada dia, o que se devem às políticas de incentivo e as facilidades de ocupação, sejam através dos intercâmbios culturais ou as possibilidades robustas de crescimento pessoal e econômico.

A certeza de uma vida melhor e digna ainda é o que essas grandes metrópoles alimentam para os estrangeiros, mas somente isso. O liberalismo dessas cidades limita-se apenas, muitas vezes, as chances de trabalho, quando elas ocorrem. Na verdade, os casos de xenofobia religiosa ou cultural ocorrem efusivamente onde há estrangeiros, quase diariamente em bairros europeus. Mais uma vez, vemos reforçada a idéia de uma sociedade ocidental opressora e objetiva, capaz de oferecer materialismos imediatos e superficiais.

Talvez, um olhar mais apurado e atencioso sobre as questões que envolvem multiculturalismo e tolerância além da valorização disto de forma íntegra seja um caminho para novos tipos de sociedade, já que nossos modelos mostram que as nossas cidades guardam muito da Torre de Babel bíblica, seja nos aspectos sociais, humanos, políticos.

Não há imediatismo que traga soluções em longo prazo, mas se quisermos preservar a espécie humana e lutarmos juntos para preservarmos os modelos sociais que criamos será preciso entrar em acordos e respeito mútuo.

Incorporar grupos muçulmanos, islâmicos, asiáticos e desenvolver com essas comunidades um relacionamento mais humano, não dividindo apenas os espaços das cidades e a economia, mas os valores de cidadania, participação mútua e humana e o mais importante: ver na convivência com as diferenças novas possibilidades para evoluções e oportunidades que só o aprendizado do “outro” pode trazer. Talvez estas sejam lições distantes a serem aprendidas, mas talvez essenciais para superar e expurgar o fruto contaminado pela submissão e extremismo de séculos, o terrorismo atual.

9 de agosto de 2000

MJ Minos
Enviado por MJ Minos em 11/08/2008
Código do texto: T1123002
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.