A pesquisa na formação do professor

LÜDKE, Menga. A pesquisa na formação do professor. In: FAZENDA, Ivani (Org.). A pesquisa em Educação e as transformações do conhecimento. São Paulo: Papiros, 1995, p. 111-119.

Menga Lüdke é professora e pesquisadora da PUC/Rio de Janeiro. Texto apresentado no VII Endipe, em Goiânia/GO, em 1994.

No texto, ela ressalta que o reconhecimento da pesquisa na formação do professor, está acontecendo de maneira cada vez mais clara e destaca a complicada relação entre a produção de pesquisa, pelos pesquisadores, e o trabalho do professor em seu dia-a-dia.

Vai mais além, mostrando que é possível uma parceria entre didática e prática de ensino, no que se refere ao trabalho do pesquisador e professor, ambos trazendo sua contribuição e seu saber específico, sem deixar de alertar para os riscos do radicalismo em relação aos papéis desempenhados pela teoria e prática.

Enfatiza que a formação do pesquisador/professor e vice-versa, são questões que não se encontram bem equacionadas na área da educação como um todo, em âmbito nacional e internacional, visto que a natureza da educação apresenta problemas de cunho epistemológico. Daí, as dificuldades para a formação do pesquisador, comparada a de outras áreas.

Observa também, que as falhas estão nos cursos de graduação, devido à formação pluralista, só podendo o professor se aprofundar no tema de sua preferência, a partir da pós-graduação. O que tem causado situações dolorosas, vez que o estudante terá de responder por todas as suas ações. Assim, o alunado só tem a perder.

Para atenuar esses efeitos negativos, Menga e equipe desenvolveram na PUC/R.J. um programa de iniciação à pesquisa para mestrando em educação, em convenio com o INEP, iniciado em 1974, repetindo-se até 1977 com resultados positivos, servindo de suporte para as dissertações dos mestrandos participantes. Um belo exemplo que poderia estar servindo de parâmetro para os cursos de mestrados. Porem, a falta de reconhecimento público, deixa claro o descaso das autoridades competentes.

Ao citar Perrenoud, lembra que ele considera difícil falar-se em “pesquisa científica verdadeira”, devido a incompatibilidade de prazos, tarefas, métodos, rigor e as atividades próprias da formação de professores. E, se para Nóvoa, não basta mudar a feição do profissional, mas, as escolas e seus projetos, para Zeichner, é preciso atenção, a fim de não fomentar com a pratica reflexiva uma “atitude narcísea”.

Com seu estilo claro, conciso, didático e coerente, Menga leva a repensar a educação a partir da pesquisa, iluminando caminhos para a superação da dicotomia ensino/pesquisa na universidade. E leva a compreender que a nova visão de professor na prática da pesquisa é cheia de desafios.

A realidade é que a sociedade e o Estado continuam dando pouca importância ao papel do professor, tornando o tipo de formação ora exposto, mera utopia. Exemplo bem claro está no questionamento: ”Quem vai dar bolsa a um estudante de licenciatura à carreira de pesquisador na universidade”? (Vianna p. 118).

Porém, resta ao professor um reflexão sobre a sua ação e percepção das transformações que vêm acontecendo no mundo e, como diz Ester Gross, “mergulhar de cabeça no novo, mesmo que este salto provoque vertigens”.

Eloina Lima
Enviado por Eloina Lima em 24/06/2008
Código do texto: T1049259
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.