Padre Brown, detetive - (Father Brown) - série de televisão - temporada 6, episódio 4, O Anjo da Misericórdia (The Angel
"Morte digna" é o eufemismo que à eutanásia se dá hoje em dia.
Os defensores da eutanásia, ou morte assistida, entendem que cabe a cada pessoa decidir quando, e como, querem morrer, principalmente as pessoas que enfrentam doenças incuráveis, que lhes causam dores sem fim, insuportáveis. É este o tema central deste episódio de Padre Brown, detetive (Father Brown), série da televisão britânica inspirada nos contos do personagem homônimo de G. K. Chesterton. E em apoio ao tema central, o secundário: se tem autoridade, e superioridade, moral quem, se dando o direito de assumir o papel de anjo da morte, atende aos pedidos - ou, em não raros casos, às súplicas - das pessoas que desejam, por razões as mais diversas, retirarem-se à vida.
Freda Knight (Janet Dale), acamada, debilitada por câncer, suplica à Mrs. McCarthy (Sorcha Cusak), sua amiga, que a sufoque com um travesseiro, e ela, contrariando-lhe a vontade, aterrada, rejeita-lhe, terminantemente, o pedido. Horas depois, chega ao conhecimento de Mrs. McCarthy a notícia da morte, misteriosa, de Freda Knight. E Mrs. McCarthy recorre ao Padre Brown (Mark Williams), que lhe dedica atenção. E entram em cena Bunty (Emer Kenny) e o Inspetor Mallory (Jack Deam), que, com Mrs. McCarthy, compõem uma galeria de personagens onipresentes na série, e Caitlin O'Casey (Roisin O'Neill), Ellen Jennings (Wanda Ventham) e Seth Knight (Daniel Hawksford), e personagens de menor expressão. Durante o desenrolar das investigações, sucedem-se outras mortes misteriosas, todas de pessoas que, tal qual Freda Knight, sofria de grave doença.
Enfim, com a desenvoltura de um investigador infalível, para contrariedade do inspetor Mallory, cujas teorias se revelaram incorretas, Padre Brown resolve o caso: uma das personagens que animam a trama havia atendido ao pedido de Freda Knight e de outras pessoas que desejam morrer.
O anjo da misericórdia, pessoa que entendia executar um bem, um bem inestimável, às pessoas que lhe pediam - melhor, suplicavam - que lhes tirasse a vida, justificou, nos derradeiros momentos do drama, sua ação, ação meritória, de amor à vida, acreditava.
Pessoas que, de tão doentes, e de tão tristes, desesperançadas, e sem razôes, nem vontade, para prolongar suas vidas, têm o direito de decidir irem-se desta existência, por seus próprios meios, ou por ações alheias?