Harlock conversa com Kay, seu braço direito na condução da Arcádia. Reparem na grande cicatriz no rosto de Harlock, com certeza fruto de algum combate do passado.

 

CAPITÃO HARLOCK episódio 1: a órfã e o renegado

 

Kay Yuki é uma grande aliada do Capitão Harlock. Abaixo dele, ela comanda a nave Arcádia.

 

CAPITÃO HARLOCK episódio 1: a órfã e o renegado

Miguel Carqueija

 

Iniciamos hoje um novo projeto ambicioso: a análise do clássico seriado japonês do Capitão Harlock, o herói trágico e melancólico de Leiji Matsumoto.

Harlock é um homem triste, sisudo, fechado e de passado doloroso. Comanda a grande espaçonave de combate Arcádia, que em geral permanece perto da Terra, pronta para intervir em favor da humanidade, contra a tirania interna ou externa. É um renegado, expulso da Terra pelo governo central e tornado um pirata espacial — inclusive a Arcádia ostenta a tradicional bandeira dos piratas, com a caveira e os dois ossos.

Esta nave, de formato bizarro e nada aerodinâmico, foi construída por um amigo de Harlock, já falecido e pai da menina Mayu, que ficou na Terra aos cuidados do governo. Isto é a base do capítulo inicial, onde evidentemente muita coisa já aconteceu e talvez seja contada no mangá. Acontece às vezes nos animês, cortarem o início da saga por economia.

Neste primeira temporada, de 1978/79 (que foi apresentada na tv italiana pela Rita Pavone), já vemos a Comandante Kay Yuki, auxiliar de confiança de Harlock, e a estranha alienígena Mime, que toca uma harpa e, embora não tenha boca, consegue falar e ingerir líquidos. É grande amiga de Harlock. O resto da tripulação é meio largada e tem até uma cozinheira aloprada. São o “alívio cômico” da história. Também aparecem o Primeiro-Ministro, um irresponsável, e o Comandante Kiruta, inimigo mortal de Harlock; a professora e a inspetora (duas “bruxas”) que “cuidam” da menina órfã Mayu; o Professor Cuzco e o Professor Daiba, cientistas, e o filho deste, Tadashi Daiba.

 

O Professor Daiba e seu filho Tadashi.

 

Resenha do episódio 1 – Mensagem do desconhecido – da primeira temporada do seriado de animação “Capitão Harlock” (Uchu Kaizoku). Direção geral de Rintaru. Consta a direção de Katsumi Minoguchi em um episódio.

Elenco de dublagem:

Capitão Harlock...............................Makio Inove

Tadashi Daiba..................................Akira Kamiya

Mime...............................................Noriko Ohara

Comandante Kay Yuki......................Chiyoko Kawashima

Mayu Oyama....................................Chiyoko Kawashima

Raflesia.............................................Haruko Kitahama

Primeiro Ministro.............................Joji Yanami

Professor Cuzco................................Hiroshi Ohtike

Narrador...........................................Hidekatsu Shibata

Professor Daiba................................Yonehiko Kitagawa

Android.............................................Kenichi Ogata

Comandante Mitsuru Kiruta.............Jidekatsu Shibata

 

 

A enorme astronave pirata Arcádia.

 

“O oceano do espaço é o meu oceano. É a minha eterna ansiedade.”

(tema musical de abertura)

 

Mayu Oyama sofre muito no primeiro episódio.

 

Por saberem que Mayu é amiga de Harlock querem que ela escreva uma carta ao pirata, para que ele venha vê-la. Mayu se recusa, pois sabe que pretendem matá-lo. Então, cruelmente, esperando que ela mude de ideia, impõem a ela um castigo desumano: carregar água de uma fonte a alguma distância para lavar uma capela enorme. E como sabotam o seu trabalho a menina se ocupa da manhã à noite — e nem sei como não caiu de cansaço. Nesse ponto há que considerar o anacronismo, pois no ano de 2977 ainda se escrevem cartas. E como a dela, aliás, chegaria a Harlock? Mas Harlock aparece de noite e a salva do ataque de um lobo. Ele, mesmo procurado, desce à Terra com a Arcádia ou uma nave pequena de missão ou exploração. É triste ver que Harlock, para fazer a vontade do pai da menina, prefere não levá-la. Também não entendi essa igreja católica que aparece vazia: onde estão os padres ou os fiéis?

Nesse futuro imaginado de 2977 restam 5 milhões de terrestres e o primeiro-ministro prefere jogar golfe e ir em festas a cuidar do governo, mesmo que Harlock tente avisá-lo da ameaça das “mazones”, uma raça alienígena que se assemelha a mulheres mas que são seres vegetais. O fato é que um objeto gigante e esférico cai sobre a cidade, destruindo prédios, e não se sabe o que é aquilo.

Harlock terá muito trabalho pela frente, até porque o governo da Terra não tem nenhuma vontade de ajudá-lo.

 

Rio de Janeiro, 13 a 15 de março de 2024.

 

O Capitão Harlock escuta a harpa de Mime. A melodia porém é muito triste: Mime é a única sobrevivente de sua raça e foi acolhida na Arcádia.