Nos sonhos em que me abismo
Nos sonhos em que me abismo
às vezes me transfiguro.
Eu não me sinto seguro
em muitas coisas, e eu cismo
que ainda existe esse abismo
a separar duas almas
apaixonadas. E as palmas
das mãos, suando, parecem
folhas que no orvalho tecem
sensações fortes, mas calmas.
Sei que todo abismo é lindo,
mas perigoso, insondável.
Parece até agradável,
porém não me vejo rindo
em tais momentos. Eu findo
não me encontrando no sonho
e, quando acordo, tristonho,
faço um poema qualquer.
Não é isso o que ela quer,
mas o abismo não transponho.
As emoções inimigas
no sonho já não têm vez.
Eu tive duas ou três
em minha vida. As intrigas,
emoções que trazem brigas,
não fazem em mim guarida.
Eu vou vivendo esta vida
como posso - ou como quero,
assim eu penso - e espero
não ter que curar ferida.
E haja emoção em mim!
O meu coração não mente
mas se rende a minha mente
e me deixa tonto, assim.
Muitas vezes acho ruim,
mas me acostumo com tudo
e vou em frente. Contudo,
a minha alma gêmea existe
e não me deixa tão triste,
e não me deixa tão mudo.
08/Jan/2008