Mística do Palco
Vejo a púrpura a face,
No espelho refletida,
Feito gente quando nasce,
Eu me entrego a outra vida,
Dando um salto no meu palco,
Onde as luzes abrem foco.
Faz-se o elo na ribalta,
Entre sangue e a fantasia.
A energia me conforta,
Me explora e me sacia,
Toma a carne do meu ser,
Me entorpece sem saber.
Rio e choro no espaço,
Com o tom mais apurado,
Vou vivendo passo a passo
Essa máscara do fado,
Essa mística no gesto
Do teor que eu manifesto.
Fatalmente as mortalhas
Quebram o lume, cobrem o mundo,
A esperança, que me valha,
Ao espelho oriundo,
Eu retorno morrediço,
Como um ato de feitiço.