A Passividade Impera
A passividade impera
Quando nasce a mornidão
De um povo nascido em ouro,
Um povo fraco em ação,
Que fácil é dominado
E vive com grande enfado,
Tendo triste o coração.
Tudo passa sem razão,
Da forma que se convir
O destino escrito a alguém.
Segue-se ao pleno porvir
Sem se tentar fazer nada,
Como se tivesse atada
A mão, sem dali sair.
Eu gostaria de ouvir
Um pouquinho de acalanto,
Porque a passividade é
Inauguração do pranto.
Que bom seria conter
A inércia do viver
E jogar-me num recanto.
Eu desejaria tanto
Deixar a selva elevada,
Que me circula, de pedra
E ir ver a linda alvorada
Com o sol luzindo ardente.
E até o brilho poente,
Que me traz a lua amada.
Sinto-me numa emboscada
Com olhos fixos de banda
Fitando-me seres de ira,
Dizendo-me: “Vá logo, anda!
Que meu minuto é custoso
E eu não caminho ocioso
Não tenho uma vida branda”.