Eu Escrevo Todo Dia
Eu escrevo todo dia
Sobre as passagens da vida,
Porque já compreendi
No começo da partida
Que para eu me recordar
É sempre uma grande lida.
Se não jogar no papel
O que eu achava ser mel,
Esqueço e vira ferida.
Minha cabeça é despida
De lembrança eficiente;
Todos os versos que eu crio
São uma rica semente,
Mas eu não posso compor
Confiando em minha mente,
Porque me passa ligeiro
Um gênio bem passageiro,
Não importa o quanto eu tente.
Eu sou um tanto indigente,
Meu juízo vira um breu.
As memórias são pra mim
Um livro que ninguém leu.
Se um recado me passam,
Perguntam: “já escreveu?”.
Por alguma desventura,
Ainda não achei cura,
A escrita é que venceu.
Eu quero o passado meu
Vivo na minha memória,
Revivendo a cada dia
Os passos da trajetória,
Que me trazem ao presente
E ficaram na história.
Por isso escrevo com fé,
Lutando contra a maré.
Isso basta à minha glória.
[Composto para aboio em nove].