Amores diversos
Houve um tempo, eu lembro bem,
em que o amor quis fugir,
por não poder resistir
a brigas que não convêm,
a desencontros que vêm
estragar uma união.
Não sei se eu tenho razão,
mas outro amor encontrei.
Vivi nas nuvens, sonhei,
mas meu sol me disse um não.
A minha estrela pequena,
entendendo o meu sofrer,
afastou-se do meu ser,
mudou o pano de cena,
sofrendo comigo a pena
de um amor fora de mão.
Não sei se eu tenho razão,
mas deixamos de nos ver,
refiz o meu bem-querer
a duras penas - ou não?
Outras voltas deu o mundo
e uma rosa se achegou.
Meu íntimo ser gritou
e calou no mais profundo
do meu ser. Eu fui mais fundo
e gritei essa paixão
quase efêmera, mas não
consegui soltar o laço.
O meu olhar ficou baço
e tremeu meu coração.
Mais outras voltas, e eis
que me aparece outro ser
que fez meu corpo sofrer
e sofreu com sensatez,
pois ao amor não deu vez
e se afastou sem um nada.
Eu chorei a madrugada
e não esqueci - não pude! -
esse amor. Eu fiquei rude,
a força debilitada.
O tempo passou sem eu
recuperar esse ardor
que ficou no nada. A dor
continuou, não morreu.
Mas eis que me apareceu
alguém que ergueu o meu viço,
mas ela tem compromisso
- eu também - e o amor
é só no olhar, e essa dor
ainda não deu sumiço.
O que fazer, ó meu Deus,
se o amor que eu hoje sinto
é outro amor? Eu não minto
em contar todos os seus
queixumes e todos meus
sentimentos controversos
e colocar nesses versos
os desencontros que eu vivo.
Eu me sinto ainda vivo
em meus amores diversos.