Popularizada
Convoco-me a improvisar
Quando nem dá pra caçar
Rima boa de enfeitar
Mas sempre sendo 'cação'
Parto pra improvisação
E o que a memória tiver
Serviu vai, dê no que der
Nos oito pés do quadrão
Não muito aí pra estilística
Só uma característica
Existe, embora simplística
Da qual jamais abro mão
É deixar que o coração
Dite-me o que bem quiser
Que já passo a obedecer
Nos oito pés do quadrão
Pois então parti compor
Sem "isso" assim de temor
Nem gozo intenso nem dor
Em minha iniciação
Os resultados dirão
Se acertei, se errei mais quê?
Só quero encontrar você
Nos oito pés do quadrão
Quem desses versos souber
Homem, criança, mulher
Pode aqui mesmo dizer
Se gosta deles ou não
Pois é, toda opinião
Vale igualzinho e eu acato
A quem vier não destrato
Nos oito pés do quadrão
Nesse jeitão construido
Por um povo tão sofrido
Venho expressar-me, imbuído
Da anônima criação
De dizer faço questão
Ao povo, neste momento
Sou todo agradecimento
Nos oito pés do quadrão
Quem pensar que sou burguês
Por descuido meu, talvez
Vá sabendo de uma vez
Que burguês nunca fui não
De nascença e desde então
Sempre fui povão, proleta
Raiz, e hoje até poeta
Nos oito pés do quadrão
Como diz velho ditado
Frequentemente lembrado
Come cru todo apressado
Que nunca espera senão
A pronta satisfação
Mas, claro, não há perigo
De isso acontecer comigo
Nos oito pés do quadrão
De vagar e sempre, eu
Fígado de prometeu
Mundo da lua, esse meu
Redondilhado e há tensão
E ainda vem mais refrão
Consabido, com certeza
Que guardei pra sobremesa
Nos oito pés do quadrão