Lembrança de Juçara
Hoje acordei repentista,
Botei tinta no pincel,
Uma rima no cordel
E o meu nome na lista
Do Senhor, o avalista
Da arte da Redondilha.
Liguei o rádio de pilha
Pra ouvir Luiz Gonzaga,
Enquanto esperava vaga
Para dançar a quadrilha.
Da sonora fiz a trilha:
Xote, baião e xaxado...
Um verso de pé quebrado
Pra coxear na Setilha.
Passei talco na virilha
Pra previnir assadura,
Ao encaixar a cintura
Na pelve de Conceição:
A potranca violão,
Do dobro da minha altura.
Como a cachaça assegura
Afugentar o cançaso...
Ao dar o primeiro passo
E calcular a fartura
Das nalgas da tanajura,
Logo lembreia de Raimunda.
Uma saudade profunda
Me fez lembrar de Juçara,
Que era feia de cara,
Mas era farta de bunda.