Rachadinha

A santa primeira dama,
por debaixo dos lençóis,
guarda cheques do Queiroz,
que ora nada na lama,
e por debaixo da cama
escorre na rachadinha,
e professa a ladainha
dos filhos da ditadura:
bosta mais limpa e mais pura
do que a sua e a minha!

Queiroz, a fada madrinha
da famiglia bolsonaro,
milico de grande faro
pra cheirar uma bouquinha,
que reza a salve rainha,
o pai nosso dos porões
e mais outras orações,
que aprendeu com Messias,
vai gozando as regalias
dos mais honestos ladrões.

Por força das tradições
que o baixo clero cultiva,
se consegue manter viva,
depois de mil eleições,
a mamata dos vilões,
que se dizem gente honesta,
mas trazem, no vão da testa,
escrito discretamente,
o quanto o sujeito mente
e o quanto que ele não presta.

E os convidados pra festa,
ladrões de baixo calão,
roubam tostão por tostão,
pois são da turba modesta:
bandido que não contesta,
que respeita a hierarquia
e a mais vil sabedoria
da turba do baixo clero,
capaz de dançar bolero
num enterro à luz do dia.

E é tanta hipocrisia,
falsidade e mentira,
que sua claque delira
na mais torpe sintonia.
Pela luz que me alumia
do farol mais forte e claro,
por Maria do Amparo,
das Dores, da Conceição.
Deus me livre dum ladrão
da famiglia bolsonaro.