Uma breve história do poeta do absurdo

No ano dois mil e dez,
depois que Cristo nasceu,
o filho do conde D'Eu
(com o faraó Ramsés)
trocou as mãos pelo pés,
num duelo de cordel,
montado num carrossel,
num parque de diversão,
onde Cosme e Damião
fizeram lua de mel.

Conta a princesa Isabel
(nora do rei Salomão),
que durante a escravião
importou de Israel:
dez mulheres do quartel,
um vigário, um rabino...
um canino, um felino...
duas arcas de Noé,
e, como voto de fé,
tocou Beethoven no sino.

Um caboclo nordestino,
que tava ali de passagem,
a maldizer a estiagem
e a bendizer o divino,
agarrou um violino,
acomodou no pescoço...
e, feito angu sem caroço,
executou "Assum Preto"..
depois carpiu um soneto,
do tempo que era moço.

Depois de grande alvoroço
na praça do Vaticano,
fez um cão parnasiano,
latir sem largar o osso.
E, pra não passar por grosso,
fez reverência pro Papa,
como estivesse na Lapa
a saudar a boemia.
Pousou pra fotografia
e depois sumiu do mapa.

Foi reportagem de capa
de revistas e de jornais,
cantou, a não querer mais,
foi disputado no tapa.
Meteu bola na caçapa...
largou o taco na mesa...
só não pagou a despesa,
porque era sexta-feira.
Quem conheceu Zé Limeira
que saia em sua defesa.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 02/03/2021
Reeditado em 02/03/2021
Código do texto: T7196980
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