O olhar da lavadeira

A lavadeira lá na bica

Branqueada sua roupa já fica

O seu esmero a gratifica.

Vasta virtude e nobreza

Mãos a serviço do nobre,

E no luxo embargando o pobre

Alguém que confisca o cobre,

Nem importa com a pobreza.

O chão de quem vive a pobreza

Irradia em

Singeleza

Nasce a flor, rara beleza

Com enxada e foice em mãos

De alma serena e tão sofrida

Nem a lágrima acalma a vida

Do mundo escutou só "nãos".

Mas, na labuta tem guarida

Trabalho, cabeça erguida

Pra Deus é filha querida.

Já compõe com esperança

Belo hino em alegria

Cantarolando em romaria

Baixando o sol vem a Maria

No olhar, doce lembrança.

Goretti Albuquerque.