Não é culpa do Cordel
Como não sou cordelista,
mas um fazedor de rima,
nunca escrevi obra prima,
ainda que a mão insista.
Minha veia de artista
é uma varize só.
A minha pena com dó
da falta de inspiração,
aceita o sim como não,
e valsa, como forró.
Nossa Senhora do Ó,
minha santa preferida,
a minha mãe, Margarida,
que além de mãe foi avó,
com paciência de Jó
e sapiência de Rui,
sabem bem por que não fui
e jamais serei poeta,
pois que meu estro vegeta
na rima que nunca flui.
Se o verso acaba em "ui"
e a rima se esvazia,
procuro na poesia,
algo que subistitui:
troco o muito pelo mui,
como escreve o literato,
troco a versão pelo fato,
a tinta pelo pincel,
ponho a culpa no cordel,
que há de pagar o pato.
Um amigo meu do Crato,
muito bom na redondilha,
no soneto, na setilha...
sujeito humilde e sensato,
fez um calo no sapato
dos poetas de araque,
que fazem parte da claque
dos pseudo-literatos:
os abutres e os ratos
que hoje estão em destaque.
Como não sou cordelista,
mas um fazedor de rima,
nunca escrevi obra prima,
ainda que a mão insista.
Minha veia de artista
é uma varize só.
A minha pena com dó
da falta de inspiração,
aceita o sim como não,
e valsa, como forró.
Nossa Senhora do Ó,
minha santa preferida,
a minha mãe, Margarida,
que além de mãe foi avó,
com paciência de Jó
e sapiência de Rui,
sabem bem por que não fui
e jamais serei poeta,
pois que meu estro vegeta
na rima que nunca flui.
Se o verso acaba em "ui"
e a rima se esvazia,
procuro na poesia,
algo que subistitui:
troco o muito pelo mui,
como escreve o literato,
troco a versão pelo fato,
a tinta pelo pincel,
ponho a culpa no cordel,
que há de pagar o pato.
Um amigo meu do Crato,
muito bom na redondilha,
no soneto, na setilha...
sujeito humilde e sensato,
fez um calo no sapato
dos poetas de araque,
que fazem parte da claque
dos pseudo-literatos:
os abutres e os ratos
que hoje estão em destaque.