QUANDO MORRE UM BOM ATEU

Quando morre um bom ateu
Não há lugar pra lamento
A vida cumpriu seu ciclo
No mais lindo testamento

Quando morre um bom ateu
Fica a sina dadivosa
Do ser que um dia anuiu
Em dar-se ao deus de Espinoza

Quando morre um bom ateu
Cada momento vivido
Se assenta pelas memórias
Ganhando novo sentido

Quando morre um bom ateu
Fica um chumaço de lã
Tirando vendas dos olhos
Polindo novas manhãs

Quando morre um bom ateu
Não precisa um salvador
Do vazio veio a existência
Que retorna ao partidor

Quando morre um bom ateu
O pranto no ataúde
São as saudades terrenas
Tão plenas de finitude.
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 11/11/2019
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