A ESTAÇÃO ZERO - A LEI DO VAGÃO
I
- Atenção senhoras!
Atenção senhores!
Pois chegaram às horas
De todos labores...
Por Santa Utopia
Por Santa Ilusão
Por Santa Caótica
Santa Ficção.
E paguem a PASSAGEM
Entrem no vagão
E boa VIAGEM
MIRAGEM da ação!...
II
Meu bom dia a todos!
Que vêm do trabalho
Ou que vão para ele
Sem curva sem atalho...
Que vão passear
Que vão ao descanso
Ao lazer sagrado
Viver seu remanso…
Destino CIENTE
Quão fiel e manso
Qual todo INOCENTE
DESCRENTE de ranço!
III
E que todos façam
A boa viagem!
Porque este é o trem
De grande visagem...
É o trem da tristeza
E de todo irmão
Também dos humanos
O trem solidão...
Em paz quão DIRETAS
De tais agonias
De curvas e RETAS
SETAS mais-valias!...
IV
E dada a mensagem
Na eterna rotina
De todos mortais
Que seguem sua sina...
Do boca-de-ferro
Fala o locutor
Cumpre o seu ofício
De trabalhador!
E não perde a VIA
Pois faz com amor
De noite de DIA
VIGIA o labor!
V
O trem já partiu
Levando seu mundo
Partiu como sempre
De fundo profundo...
Em cada estação
Com tantos destinos
De negros e brancos
Cantando seus hinos...
Amarelos-COBRES
Com sonhos sovinos
De ricos e POBRES
NOBRES e divinos...
VI
Quilômetros após
Sem motivo justo
Sem explicação
Certamente um custo...
Pois o trem parou
Talvez, um mistério!
Foi de supetão
Que nem cemitério!
A sina é o ALÉM
Nenhum refrigério
Não desce NINGUÉM
DESDÉM, despautério...
VII
Megafone mudo
Não há informação
Mas paira um porquê
De insatisfação!
No ser taciturno
Mas quanta inocência
De todo esse povo
Que pede clemência!
E com alma em LODOS
E na consciência
Anônima de TODOS
ENGODOS, carência!...
VIII
Silêncio que fala
A quebra de tudo
Que foi rotineiro
Desse povo mudo...
E diz que ocorreu
Anormalidade,
O trem está fora
De toda cidade...
Estação por CERTO
Não há identidade
O destino INCERTO
PERTO a mortandade!
IX
Aparece um indício
De grande mensagem
Máxima balbúrdia
Os tagarelas agem...
É um sentimento
Vagão a vagão
Sofrimento e choro
Abre-se um clarão!
É bem ESPERANÇADO...
D’algum coração
Que sofre CALADO
MALVADO carrão!
X
É um zum zum zum
É um corre corre
É grande alvoroço
Um morre não morre...
É um desespero
Desejo iminente
Porque nesse trem
Segue muita gente...
Sofrendo um CLARÃO
Assim de repente
A grande EXCEÇÃO
NÃO há indigente!
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Poema em TRITROVIN, novo estilo em Dodecaversos e em Redondilha Menor, criado pelo poeta, filósofo e professor pós-graduado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, MAURÍCIO CARDOSO GARCIA, pseudônimo EMECÊ GARCIA. Partes do poema de 87 estrofes, ainda inédito, do livro A ESTAÇÃO ZERO – A LEI DO VAGÃO.