BARBA, CABELO E BIGODE

BARBA, CABELO E BIGODE

Negócio feito no fio 

É coisa justa e clara 

De quem homem se declara! 

Porque tinha, além de brio, 

Barba e vergonha na cara.

Fora outrora muito rico, 

Contratador e merceeiro, 

Que no afã de ter dinheiro 

Ora Francisco; ora Chico, 

Negociava o tempo inteiro.

Mas firmava dando fé 

Sob o fio do bigode 

A que nunca se acomode: 

Pagou vida e morte até 

Com túmulo, lápide e ode!

E tantos negócios fez 

Que foram rarear os pelos 

Barba e bigode tão belos 

Sumiram d'ele de vez

Após calvos os cabelos!

Ficara todo careca 

E o rosto todo pelado. 

Pois, feito chão ressecado, 

Como o homem da cara seca 

Era como era lembrado.

Sem fios por resgatar

Deixa afinal os negócios,

Quando dos velhos os ócios

Cumpre sem ter mais pesar

Seus últimos equinócios.

D'estarte, por hombridade,

Não deixa que a alma se enode:

Entre o que pôde e o que pode,

Dera ao dar fé da verdade,

Barba, cabelo e bigode

Contagem - 06 04 2016