UNIDADE E SEUS DESVÃOS

Quantas noites passaram por mim.

Quantas vezes enoiteci e, então, piei,

Demarcando meu território que é

O de lugar nenhum, sem começo e fim,

Terra sem terra, gentes, regras, lei,

Sem nenhum descendente de Noé.

Terra de nuvens, de brumas e nevoeiros,

A qual se dissipou sempre que amanheci;

Quando então, tateando o espaço nenhum,

Não me vi médio, último ou primeiro

E duvidei até mesmo se algum dia nasci,

Pois jamais pude ser dois, sempre fui um.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 13/11/2018
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